Centenas de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo concentraram-se, esta quarta-feira, à porta do edifício da administração para entregar uma moção contra a dispensa de 380 funcionários, acção que culminou com insultos e vidros partidos.
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O relato foi feito à Agência Lusa por vários trabalhadores dos mais de 650 que se reuniram em plenário geral para aprovar, entre outras medidas, uma manifestação pública para a próxima quarta-feira, 29 de Junho.
À porta do edifício da administração, onde o acesso a pessoas externas à empresa está vedado, para onde os trabalhadores se deslocaram no final do plenário, depois das 16 horas, geraram-se os primeiros momentos de tensão, enquanto elementos da Comissão de Trabalhadores (CT) procediam, já no interior, à entrega do documento.
"Alguém da administração fechou a porta e isso, como os ânimos estão muito exaltados, precipitou uma reacção intempestiva de alguns trabalhadores, que forçaram a entrada", explicou à Lusa um dos funcionários da empresa.
Durante este momento, e numa altura em que já se ouviam vários insultos à administração, um grupo de trabalhadores acabou por partir o vidro de uma das portas de acesso ao edifício da administração.
Contactada pela Agência Lusa, fonte da CT confirmou o incidente, sublinhando que "foi rapidamente sanado".
"Compreende-se este estado de espírito, são pessoas que tinham a sua vida organizada e que de um momento para o outro já não sabem o que será o futuro. Há muita tensão na empresa, depois da forma como é feito um anúncio destes", acrescentou a fonte.
No plenário desta quarta-feira, o mais concorrido dos 67 anos dos ENVC, mais de 650 trabalhadores aprovaram, com apenas uma abstenção, uma moção em que contestam a dispensa anunciada de 380 dos 720 funcionários.
A mesma moção, entregue à administração da empresa, define o próximo dia 29 de junho como de protesto público, entre as 10 horas e as 12 horas, envolvendo funcionários, antigos funcionários e população vianense.
Entretanto, fonte da Administração revelou hoje que só em 2010 o accionista Estado foi obrigado a injectar 26 milhões de euros na empresa, apenas para pagar salários.
Os ENVC apresentam um passivo acumulado de 200 milhões de euros e só em 2010 registaram 40 milhões de euros de prejuízos.
Neste processo de reestruturação serão gastos 13 milhões de euros que, segundo a administração, já estão assegurados.
A CT vai ainda encetar contactos com os agrupamentos parlamentares na tentativa de obter a suspensão deste processo.