Lojas inundadas e automóveis submersos em garagens era o cenário que se podia encontrar, nas últimas horas, na Rua Tenente Valadim, na Póvoa de Varzim.
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Os comerciantes reclamam "milhares de euros de prejuízos", mas, para já, todos estão empenhados em retirar a água, a lama e os resíduos do interior dos estabelecimentos.
As autoridades interditaram a rua, onde há, sobretudo, comércio e restaurantes.
Paulo Rebelo foi um dos lojistas a quem o mau tempo não deu descanso a partir das 18h00, altura em que a chuva forte começou a ameaçar entrar na sua loja que comercializa chaves.
Pouco depois, instalou-se o caos e "a água empurrou a porta e destruiu tudo. Já nada havia a fazer", contou à Lusa.
Apesar de já ter aquele estabelecimento há 23 anos, não se lembra de ter "vivido algo semelhante. É a primeira vez que a água entra na minha loja", contou.
Aliás, este dia "foi mesmo para esquecer", porque a mulher, que vinha do Porto ao final da tarde, ficou retida em Vilar do Pinheiro, porque a linha de metro estava cortada.
"Queria ir buscá-la, mas tinha o interior do carro cheio de água e a rua também estava interdita ao trânsito. Portanto ninguém entrava ou saía daqui".
Mesmo em frente à "Casa das Chaves", uma garagem, situada na cave de um prédio, ficou submersa, com três automóveis lá dentro.
Um deles era de Sara Aleixo que desde as 18 horas liga para os bombeiros a pedir ajuda, mas, quatro horas depois, "ainda não apareceu ninguém" lamentou.
A força da água "rebentou o portão" e a moradora ainda tentou "tirar o carro", mas sem sucesso.
"Tive que sair da garagem, senão eu também ficava lá presa", contou à Lusa.
Uns metros mais à frente, Manuel do Monte estava "há cerca de quatro horas a tirar a água com um balde" do interior do seu restaurante.
O comerciante lamentou a falta de limpeza das valetas que estavam cheias de lixo e folhas que entupiram as canalizações e contribuíram para este caos".
Só se lembra de algo assim naquela rua em "1974, altura em que uma forte inundação alagou a Tenente Valadim e adjacentes. Depois disso, nunca mais vi nada como hoje", disse.
Em relação aos prejuízos, Manuel do Monte não os consegue quantificar para já, até porque teve que "desligar todas as máquinas, arcas e frigoríficos". Só quando puder ligar tudo é que saberei os estragos".
Em patrulhamento pela cidade andava o vice-presidente da autarquia e responsável pela Proteção Civil da Póvoa de Varzim que disse à Lusa que a situação já começa a ficar "normalizada".
A prioridade foi "acorrer às situações mais urgentes, onde a vida ou segurança das pessoas estava em risco", explicou Aires Pereira que reconheceu que esta noite foi o "verdadeiro caos" e que trouxe situações complicadas.
De prevenção vão permanecer, toda a noite, os bombeiros, protecção civil e todos os elementos dos serviços municipalizados.
Às primeiras horas do dia, "começam a ser feitos os trabalhos de limpeza em todo o município", concluiu o vice-presidente.