Investidos 11,4 milhões de euros para melhorar condições dos animais no Grande Porto
Câmaras da Área Metropolitana do Porto lutam contra a sobrelotação dos centros de recolha. Neste ano, já foram entregues para adoção 1641 cães e gatos.
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Desde o início do ano, os 17 concelhos da Área Metropolitana do Porto (AMP) já entregaram para adoção 1641 animais. Um trabalho essencial para a rotina dos centros de recolha, dado que a maioria vive sobrelotada, fruto de um crescente abandono na via pública e da entrega de animais pelos próprios donos. Por outro lado, a lei que proíbe o abate também obrigou os municípios a criarem melhores condições para receber cães e gatos. Prova disso é o investimento já feito em alguns concelhos da AMP, a rondar os 4,5 milhões de euros. E estão previsto mais 6,9 milhões para novos espaços e para melhorar outros já existentes.
Porto e Gaia foram dos primeiros concelhos a investir em projetos de raiz, com obras a custar 1,7 e 1,3 milhões de euros, respetivamente. Mas ainda que tenham novas instalações para receber cães e gatos, o número de alojamentos não "estica" e todos os dias faz-se uma verdadeira "ginástica" para conseguir acolher todos os que chegam.
Desde a inauguração, em abril de 2020, o Centro de Recolha de Animais do Porto já foi visitado "por cerca de 1500 munícipes e foram adotados 443 animais". Com uma capacidade máxima de 95 cães e 90 gatos, atualmente estão alojados 103 e 75, respetivamente.
Muitos gatos
Já em Gaia, a Plataforma de Acolhimento e Tratamento Animal (PATA), inaugurada em abril, "pode alojar entre 150 a 170 animais", mas tem 181. "A capacidade de alojamento de gatos encontra-se ultrapassada, o que tem a ver com o facto de este ano ter havido um aumento exponencial do número de gatos recolhidos comparativamente com os anos anteriores", explicou fonte do Município.
Já Paredes e Matosinhos destacam que têm recebido "pedidos de ajuda para entrega de animais pelos próprios donos, que perderam capacidade financeira para cuidarem deles". Em Paredes verifica-se o abandono de animais de concelhos limítrofes, "principalmente nas freguesias de Aguiar de Sousa, Recarei e Sobreira".
Também a Póvoa de Varzim sublinhou que "muitos animais recolhidos são de outros concelhos".
A avaliar pelos 6,9 milhões de euros que vão ser investidos na AMP em centros de recolha animal, nota-se que ainda há um longo caminho a percorrer por alguns municípios.
Na Maia, está em fase de concurso a construção de um Centro de Bem-Estar Animal, em Milheirós, e encontra-se em obra um "centro de recolha de matilhas e animais de companhia assilvestrados". Ao todo, serão 3,1 milhões de euros de investimento.
O atual Centro Municipal de Recolha de Animais de Companhia da Maia, que foi sofrendo obras de beneficiação ao longo dos anos, tem apenas capacidade para receber "21 cães e sete gatos".
A mesma falta de espaço verifica-se no Centro de Recolha Oficial Animal de Gondomar (CROAG), que tem "12 jaulas para cães e 9 para gatos". Daí que para outubro esteja previsto o arranque de um novo CROAG, na freguesia de Covelo, que custará 2,8 milhões de euros. Trata-se de "um terreno com quatro hectares, e que terá todas as valências necessárias para o bem estar dos animais do concelho", disse o vereador do Ambiente, José Fernando Moreira.
Também a Câmara de Vila do Conde, com instalações provisórias desde 2011, ampliadas em 2019, tem em curso "o projeto de um canil/gatil adequado às necessidades atuais". Todavia, não referiu o investimento.
Já a Trofa avança no próximo ano a empreitada de um centro de recolha animal, que vai custar cerca de 350 mil euros. O atual espaço tem capacidade para 65 animais, mas acolhe 120.
Mais projetos
Também Paredes, com um canil de 2004 que "está completamente obsoleto", tem em curso a construção do novo Centro de Recolha Oficial de Animais, cujo investimento inicial rondará os 250 mil euros.
Com um parque para matilhas a funcionar desde maio, o canil intermunicipal da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (S. João da Madeira, Vale de Cambra, Espinho, Oliveira de Azeméis, Arouca e Feira) vai investir mais 325 euros na ampliação. Valongo vai melhorar as instalações com 100 mil euros.
Detalhes
Ferramenta útil
Por conta da pandemia, as visitas aos centros de recolha animal têm sido mais controladas, sendo necessária marcação prévia. Mas há câmaras que mostram os animais disponíveis para adoção nos respetivos sites.
Adoções gratuitas
Além das esterilização, as autarquias oferecem a todos os animais adotados o dispositivo de identificação eletrónica (chip), a desparasitação e a vacinação.