Sara Rios, investigadora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, liderou projeto que desenvolveu solução para reforçar estruturas.
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Sara Rios, professora auxiliar e investigadora do Departamento de Engenharia Civil e Georrecursos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), liderou o projeto INPROVE, uma solução inovadora que pretende evitar os acidentes em barragens de deposição de rejeitados mineiros, responsáveis por várias mortes e focos de poluição no planeta. E a realidade não é muito distante. Em 2019, o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, no Brasil, gerou uma onda de resíduos que cobriu milhares de hectares e provocou a morte a duas centenas e meia de pessoas. Em 2015, no mesmo país, a barragem de Fundão desabou, causando 19 mortos, deixando um milhão sem água potável e provocando uma enxurrada com 40 milhões de m3 de rejeitados de minério de ferro que percorreu 663 quilómetros até chegar ao mar. No Canadá, em 2014, a rotura da barragem da mina de Mount Polley libertou 25 mil milhões de litros de água misturada com resíduos mineiros, entre os quais 134,1 toneladas de chumbo, 2,8 toneladas de cádmio e 2,1 toneladas de arsénio.
As roturas, explica Sara Rios, que é também membro da Unidade de Investigação CONSTRUCT, "acontecem tipicamente de forma muito rápida" e as consequências podem ser "catastróficas", o que justifica o projeto, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Segundo a investigadora, "através da otimização do cimento alcalino em conjunto com os rejeitados de mineração realizada durante o projeto, verificou-se que o índice porosidade/teor volumétrico de cimento permite obter uma boa relação entre o comportamento mecânico da mistura e a sua dosagem". Este índice foi usado "numa abordagem simplificada para calibrar um modelo constitutivo estendido a materiais cimentados".
A solução desenvolvida passa por usar um cimento mais sustentável que o convencional para reforçar a estabilização dos depósitos, através da construção de zonas estruturais com rejeitados filtrados cimentados. Poderá ser implementada em novas instalações, planos de remediação e encerramento de estruturas existentes ou para reminerar depósitos.