A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) assinaram, esta terça-feira, um protocolo para promover a colaboração no intercâmbio de informação meteorológica, geofísica e climatológica, que permite "uma vigilância mais eficaz".
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Segundo o presidente do IPMA, José Guerreiro da Silva, este protocolo "representa o início de uma nova era", pondo ao serviço dos municípios vários serviços de previsão.
"Só faz sentido este investimento se estiver ao serviço das comunidades. E é precisamente por isso que, através da Associação Nacional de Municípios, queremos chegar ao maior número possível, porque o objetivo é integrar as redes que já existem em alguns municípios. Aqueles municípios que possam e queiram investir para que a escala da previsão seja cada vez mais fina", refere José Guerreiro da Silva.
Na assinatura do protocolo, em Coimbra, o presidente do IPMA salientou o investimento de 10 milhões de euros no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, que concluiu a Rede Nacional de Radares Meteorológicos Nova Geração, e que representa "uma melhoria do ponto de vista da previsão" de fenómenos climáticos extremos, de ondas de frio e de calor, mas também de auxílio à proteção de pessoas e bens. "É para isso que servem os investimentos", acrescenta.
Mais fenómenos extremos
Recentemente foi também lançado o boletim agroclimático, com as diferentes fileiras agrícolas, como milho, cereais, uva ou montado e que, segundo José Guerreiro da Silva, também interessa "às comunidades locais, principalmente àqueles municípios que têm atividade agrícola substantiva".
"Neste momento, não dizemos o que é que se passou, mas o que é que se vai passar nos próximos nove dias. E isto, seja para o granizo, para a geada, para o escaldão, permitiu ter o tempo na palma da mão", assinala.
No protocolo assinado, as duas entidades consideram que se verificam "cada vez mais eventos climáticos extremos", com maior frequência e intensidade, e que "o aumento da vulnerabilidade do território nacional tem contribuído para um maior risco para pessoas e bens".
Antecipar e prevenir
Perante os impactos dos eventos, a ANMP e o IPMA consideram que "é essencial antecipar e prevenir" os riscos e os municípios disporem de "um sistema estruturado, integrado e padronizado para monitorizar as variáveis meteorológicas e geofísicas, assim como indicadores climáticos, "permitindo uma vigilância mais eficaz e adequada em termos espaciais e temporais".
O protocolo é válido por um ano, podendo ser automaticamente renovável por iguais períodos.
A presidente da ANMP, Luísa Salgueiro, sublinha a nova nova fase do IPMA, com maiores recursos e mais serviços para a comunidade, a qual, entende, deve ser aproveitada. "Não faria sentido que não aproveitássemos, que o país não tivesse vantagem disso, permitindo que, ao nível do poder local dos municípios portugueses, pudesse ser utilizado o know-how e a informação que resulta de todo o novo equipamento, de toda a nova abordagem que o IPMA passa a dispor", defende.
Momentos críticos
Luísa Salgueiro ressalva que, na gestão diária dos municípios, "são cada vez mais as situações" em que se confrontam "momentos críticos", resultantes de fenómenos climáticos adversos.
"As políticas que temos vindo a exercer nos municípios, sobretudo, com a área da proteção civil e do ambiente, também pretendem cada vez mais responder preventivamente a esses desafios e não seria razoável que não beneficiássemos e que o país, que o Estado, não aproveitasse todos os recursos que estão cada vez mais disponíveis para termos informação rigorosa, dados precisos e capacidade de decidir proativa e preventivamente", assinala.
Com este protocolo, entende Luísa Salgueiro, os municípios estarão "em condições de o fazer ainda melhor", apontando ainda para a partilha de informação de casos com o IPMA.
"Porventura, teremos informação que também podemos carregar para o IPMA que possa permitir que, no futuro, nos disponibilizem informação ainda mais precisa relativamente às questões que os municípios gerem no dia a dia", afirma.