Ir ao Carnaval para esquecer a crise

É hoje, às 15 horas, que os reis do Carnaval de Ovar, D. Artur, o Folião, e Dona Augusta Valentina, a Divertida, saem pela primeira vez à rua. O desfile real percorrerá o centro da cidade vareira, como sempre acompanhado por foliões. D. Artur e Dona Augusta, mais propriamente dito Artur Loureiro, de 81 anos, e Rosa Augusta Valente, 20 anos mais nova, são velhos conhecidos do Carnaval de Ovar.

Anteontem à noite, os dois visitaram os espaços de trabalho de alguns grupos e escolas de samba, uma pequena amostra dos 24 conjuntos que, no próximo dia 22, integram o Grande Corso Carnavalesco. Na visita, ficaram a saber que, não obstante a crise económica, não faltam sambistas. Numa altura em que o lema do Carnaval é a poupança - não haverá, por exemplo, fogo-de-artifício e os materiais dos fatos foram escolhidos entre os mais baratos - o número de participantes aumentou.

A contabilidade dos foliões deve ser das poucas que deu lucro: mesmo num ano em que muitos saíram das escolas por, depois de terem ficado desempregados, não poderem pagar a quota de sócio mais o fato, que totalizam 60 euros. "Dá a impressão de que as pessoas querem dar um pontapé na crise e ultrapassar o moral em baixo com a alegria do Carnaval", dosse ao JN a directora da escola de samba "Kan-kans", Sandra Alegre, cujo tema este ano é "30 anos do Cabaret ao Samba".

Tal como ali, na casa da escola de samba "Juventude Vareira", trabalhava-se a todo o gás para dar forma à ideia e aos figurinos de Rui Vitorino que, este ano inspirou-se no filme "Os piratas das Caraíbas". Os reis foram recebidos pelo grupo de passerelle "Bailarinos", que este ano se inspiraram no conto "A princesa e a ervilha". A razão, essa, é muito simples: "tal como a princesa, nós também somos rebeldes e irreverentes, explicou Gabriela Frutuosa.