É provavelmente a mais velha mulher portuguesa. Filha de emigrantes, nasceu na Amazónia, e respira "saúde".
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Isabel Gomes Sarmento celebrou esta terça-feira o seu 112º aniversário, em Amarante. Soprou as velas e bebeu um cálice de Vinho do Porto, néctar que até há pouco tempo bebia com regularidade e gosto.
"O médico já lhe disse que agora pode beber e comer de tudo o que lhe apetecer e, então, hoje vai beber um bocadinho de vinho do Porto que tanto gosta, para celebrar a vida", disse ao JN, Maria Gorete, de 75 anos, filha da Dona Isabel.
Com 112 anos, Isabel Sarmento é, provavelmente, a mulher portuguesa mais velha. A centenária aniversariante nasceu, no entanto, no Acre, no noroeste da Floresta Amazónica, no Brasil, para onde tinham emigrado os pais, naturais de Moimenta da Beira, distrito de Viseu. Não obstante, Isabel foi registada como cidadã portuguesa.
A aniversariante tem vivido, alternadamente, os últimos anos em casa de duas filhas. Otília Sarmento reside em Moimenta da Beira e Maria Gorete em Amarante. Foi em casa desta última que o JN testemunhou esta tarde "a festa" de aniversário de Isabel. Foi um momento de ternura, com um pequeno bolo decorado com as três velas que assinalavam a respeitosa idade-112.
"A prioridade é garantir à nossa mãe um final de vida com o máximo de dignidade e qualidade de vida. Festas não fazemos. Nós, os filhos, estamos longe uns dos outros e como tal assinalamos o aniversário com a família possível", justificou assim Maria as ausências na festa das outras duas irmãs, mas também dos netos, bisnetos e tetraneta, cujas 16 fotos de cada um dos rebentos emolduradas em "passepartout" ocupam a totalidade do tampo de uma mesa que poderia muito bem ser de jantar.
Com a ajuda dos familiares, Isabel passeia pela casa, sentada numa cadeira de rodas, mas de olhar atento. "Nada lhe escapa. Está sempre atenta, gosta muito de ver televisão e de estar à lareira", conta a filha Maria.
A saúde está boa e recomenda-se. "Os testes de covid deram sempre negativo". Nada que espante. Escapou a pandemias, guerras, mudanças de regimes políticos e catástrofes climáticas. É uma testemunha rara da História.
Costureira
Aos nove anos, na companhia da mãe, Isabel veio do Brasil para Moimenta da Beira. Foi costureira e casou com um alfaiate. As roupas feitas por ambos eram vendidas na feira.
Teve cinco filhos, dois dos quais, um rapaz e uma rapariga, morreram novos. Uma das filhas, Maria Cândida, vive no Brasil.