A Mata do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra reabriu ao público, neste domingo, após décadas de encerramento, com outra novidade: é atravessada por dois miniautocarros híbridos. O percurso, da Baixa à Alta, pretende desencorajar o uso do transporte individual.
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Cerca das 12 horas, várias pessoas aguardavam a abertura do portão da rua da Alegria, na Baixa, este domingo, para a primeira travessia da Mata do Botânico em anos, a pé ou de autocarro. Vencida essa barreira, foi possível ver todo o património, natural e edificado, até então oculto.
Trata-se de uma área superior a nove hectares, com árvores centenárias, vegetação a crescer livremente e um bambuzal, além de estruturas como a Estufa-fria, a Capela de São Bento ou a Fonte dos Três Bicos.
Piscar o olho à ecologia sem perder de vista o turismo
A chamada Linha do Botânico é servida por dois miniautocarros de tração híbrida, num piscar de olho à ecologia, e descapotáveis, porque se tem em conta a vertente turística. Aliás, há audioguias que vão fornecendo informações sobre pontos de interesse da cidade, em cinco línguas.
A viagem inaugural contou com passageiros como o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, ou o reitor da Universidade, João Gabriel Silva.
Passado o portão da Rua do Arco da Traição, já no Polo I da Universidade, todos teceram elogios à beleza da paisagem e ao aspeto ecológico do percurso, feito em veículos com capacidade para 35 passageiros, incluindo um em cadeira de rodas.
Alternativa ao automóvel em zona de Património Mundial
O presidente da Câmara destacou o contributo da linha para o descongestionamento do trânsito e do estacionamento naquela zona da Alta. "As pessoas podem deixar o carro mais longe, por exemplo, no parque do Convento São Francisco, e apanhar esta carreira para o Polo I", aliviando a pressão automóvel sobre a área, classificada como Património da Humanidade, defendeu Manuel Machado.
Já o reitor afirmou que o ordenamento do trânsito na Alta "não tem nenhuma solução mágica", mas "é um conjunto de passos". Para João Gabriel Silva, a Linha do Botânico introduz uma "alternativa" ao uso do transporte individual. E estão em curso ações para restringir a presença automóvel ali - por exemplo, através da colocação de parcómetros.
A Linha do Botânico liga a zona ribeirinha e equipamentos como o Convento São Francisco, o Portugal dos Pequenitos ou o Parque Verde ao coração da Alta. Tem o mesmo custo que uma viagem normal nos autocarros dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, mas oferece uma paisagem mais verde, com a passagem pelo interior do Jardim Botânico.
Requalificação chega às estufas, a visitar no outono
A Mata do Jardim Botânico reabriu após ter sido objeto de um projeto de requalificação, fruto de uma parceria entre a Universidade e a Câmara Municipal, com financiamento do QREN/+Centro. Segundo João Gabriel Silva, foram investidos cerca de 300 mil euros no conjunto das obras.
O espaço esteve encerrado por uma questão financeira, explicou o reitor. "Ter a Mata aberta envolve custos, porque tem de ter vigilância e um conjunto de infraestruturas que não tinha", clarificou. Com a comparticipação da Autarquia, foi possível devolvê-la ao público.
O Jardim Botânico ainda tem outros tesouros para mostrar. O complexo de estufas foi inteiramente revitalizado e está "cada vez mais digno de ser visitado", com o seu conjunto de plantas. Algo que só deverá acontecer algures no outono.