"Já tirei tudo do rio Leça: carros, motas, colchões, cadeiras, cofres, pneus..."
Guarda-rios percorrem os 48 quilómetros do leito e alertam para infrações. Projeto para reabilitação das margens junta quatro municípios e permite monitorizar qualidade da água.
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Apaixonados pela ressuscitada profissão de guarda-rios, Daniel e André conhecem de cor as curvas do Leça desde que nasce límpido, em Monte Córdova, até que desagua em Leixões, já com o lastro da ação humana. Calcorreiam todos os dias as margens do rio, ao longo dos 48 quilómetros do leito, e são os olhos da Associação de Municípios Corredor do Rio Leça, que em 2023 lançou o projeto de reabilitação das margens e retirou mais de 60 toneladas de resíduos das águas que correm pelos concelhos de Santo Tirso, Valongo, Maia e Matosinhos.
“Já tirei de tudo do rio Leça, desde carros, motas, colchões, cadeiras, cofres... Mas o mais comum é ver pneus. E também costumam depositar resíduos de obras”, lastima o diretor-executivo da associação, Artur Branco, que fala num “desgosto enorme de cada vez que há uma cheia” e as margens ficam inundadas de objetos lançados ao rio. André Carvalho, cuja “arte é eletricista” mas que se fez guarda-rios - profissão que “nem sabia que existia” - há “ano e meio”, já sexagenário, soma “frigoríficos, máquinas de lavar e baldes” à lista de material resgatado do Leça. “Vem tudo, até bancas de cozinha”, acrescenta, encaixado no kispo verde que ostenta a inscrição “guarda-rios” nas costas.