Estudantes juntam-se para erguer barracas no recinto que vai receber milhares de pessoas. Diversão e não perder dinheiro são os objetivos.
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Com o sol a dar os primeiros sinais de que o verão está a chegar, dezenas de jovens preparam as barracas que vão ser pontos centrais de convívio no Queimódromo, junto ao Parque da Cidade, no Porto. A festa académica começa a 3 de maio e prolonga-se até dia 10. É sexta-feira, feriado, e a uma semana do tiro de partida para os concertos, são muitos os estudantes ou grupos de amigos que, num misto de diversão e trabalho, pegam no martelo e no pincel para construir aquele que será o seu negócio nas Noites da Queima.
Mal se entra, estranha-se o estado irreconhecível do recinto que vai receber milhares de pessoas. Quase deserto, destacam-se os grupos que vão em diferentes estados de preparação para o evento.
Embora a diferença entre barracas se assinale através das várias cores e nomes apelativos, cujos trocadilhos são palavras-chave, há semelhanças entre os grupos. Animação e sorrisos são os elementos comuns que pintam a tela deste o período de preparação.
"Já temos uma tradição forte de marcar presença na Queima das Fitas e este convívio faz parte do processo. Construímos e tomamos decisões em conjunto, com o objetivo de que todos passem um bom bocado e que, no final, consigam ter momentos marcantes", explicou Diogo Silva, de 23 anos, responsável pela barraca da Associação de Estudantes do ISCAP.
A diversão está sempre presente nos trabalhos e nem o calor intenso que se ia fazendo sentir demovia os "trabalhadores". Acima de tudo, este período preparatório serve para fazer novas amizades, aprofundar as antigas e começar aquela que será uma "semana importante para o percurso académico".
"Não perder dinheiro"
Ainda assim, nem tudo é brincadeira. Para poder ter uma barraca na Queima das Fitas há pressupostos a serem cumpridos e um deles é o investimento de cerca de mil euros para obter a licença. Apesar desta responsabilidade, a ideia é encontrar um equilíbrio no meio da diversão e, pelo menos, "não perder dinheiro".
"Toda a gente envolvida contribui para isto. Nós conseguimos criar uma logística para que toda a gente beba e se divirta, mas tem de ser feito com alguma regra. Tento sempre transmitir que dá para oferecer aos amigos, mas ninguém está aqui para perder dinheiro", salienta Rodrigo Mota, de 21 anos, que estuda no ISEP.
E se a maior parte dos empreendedores temporários se escuda por trás da sigla da respetiva faculdade, há quem entre nesta aventura a título pessoal. "Estávamos no café a conversar e, como é o último ano da maior parte do nosso grupo, achámos que era uma boa ideia. Não estamos aqui para perder dinheiro, até porque o investimento é nosso, mas sabemos que não vamos sair daqui milionários", disse Beatriz Sardinha, de 20 anos.
Por fim, a principal mensagem replicada por vários protagonistas é que o importante mesmo, em todos os capítulos desta semana dura, é "ter juízo".