O parto estava previsto para este mês e, por isso, quando João nasceu a 25 de agosto cabia na palma da mão e pesava apenas um quilo. Esta sexta-feira, em que se assinala o Dia Mundial da Prematuridade, o filho de Sílvia e Pedro vai ter alta e para a mãe é como se o menino "tivesse nascido de novo".
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Nos dois primeiros anos da nova Pediatria do Centro Hospitalar Universitário de S. João (CHUSJ), nasceram 300 prematuros, dos quais cerca de 80 com menos de 1,5 quilos, confirmou ao JN Henrique Soares, diretor do serviço de Neonatologia, anunciado para o próximo mês a criação de oito "alojamentos conjuntos", o que vai permitir aos pais dos bebés prematuros que estejam internados nos Cuidados Intensivos a possibilidade de pernoitarem no hospital.
Na prática, oito quartos dos Cuidados Intensivos da Neonatologia, onde cada prematuro permanece numa incubadora, vão ter "uma box com uma mesa e um sofá-cama, independentes do quarto por uma parede de vidro, mas onde o pai ou a mãe vão puder passar a noite junto do bebé", explicou ao JN o diretor.
Ainda de acordo com o mesmo responsável, esta medida começará a ser implementada "lá mais para o Natal".
Também ali nos Cuidados intensivos esteve João, a lutar pela vida, uma vez que, segundo Henrique Soares, o menino foi um "extremo prematuro", sublinhando que, por isso, "é um caso bom de sucesso". Até porque, com 26 semanas "falta desenvolver todos os sistemas, desde o respiratório, neurológico, imunológico, digestivo, renal e até a pele. Todos os sistemas estão imaturos e não funcionam como um bebé de termo", referiu o clínico.
No berço, já sem os fios e aparelhos que o acompanharam nos últimos tempos, João dorme tranquilo. A poucas horas de ter alta, a mãe, Sílvia, escuta as recomendações da terapeuta ocupacional, Maria de Lurdes Ribeiro. "A primeira coisa a aprender é a observar o bebé e a respeitar o seu ritmo, depois há que interagir muito com ele, sendo importante a comunicação, contado-lhe por antecipação tudo que lhe vai ser feito", explicou a técnica.
Sílvia não esconde a emoção. João só estava previsto nascer a 27 de novembro, mas o parto aconteceu a 25 de agosto. "Esta sexta-feira - dia em que vai ter alta - é como se tivesse nascido de novo", confidenciou a mãe, convencida que vai passar a comemorar as duas datas.
Dada a prematuridade de João, a terapeuta ressalva que o menino "é um guerreiro e resiliente", sublinhando a importância de agora "vir a fazer muito a posição canguru" com a mãe.
Avós ainda não o conhecem
Primeiro filho e primeiro neto, João ainda não conhece os avós e Sílvia confessa que eles "estão ansiosos" por o ver pela primeira vez. Todavia, e dada a fragilidade da criança, as visitas serão, por agora, muito restritas".
Já quanto às parecenças, a mãe, babada, responde, esboçando um sorriso: "O pai diz que ele é a minha cara e, de facto, tem o formato do meu nariz e boca".
Só há três semanas é que João saiu da incubadora e Sílvia relata a emoção de lhe vestir "a primeira roupinha, de tamanho 00, e mesmo assim fica-lhe folgada".
Da personalidade do petiz, a mãe referiu "que parece calminho, não chorando nem quando tem fome". No dia da alta, João "pesa 2310 gramas e bebe 40 mililitros de leite oito vezes por dia", contou, orgulhosa a mãe.
"É uma coincidência feliz o João ter alta hoje, no Dia mundial da Prematuridade, motivo de grande satisfação e que reforça a nossa motivação enquanto profissionais de saúde", concluiu Henrique Soares.