Um dos dois únicos abutres-pretos nascidos no ano passado no Douro Internacional regressou pela primeira vez à terra natal este verão.
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Segundo informações da Palombar -Associação da Natureza e Património Rural o Lechuga, uma cria de abutre-preto (Aegypius monachus) nascida e marcada com dispositivos GPS no Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) em 2020 regressou no dia 29 de julho, ao território onde nasceu e frequentou um campo de alimentação para aves necrófagas (CAAN) localizado no concelho de Miranda do Douro.
A Palombar fez o registo do indivíduo juvenil através de câmara de fotoarmadilhagem, pelo que consegue saber que se trata de uma das duas crias dos dois únicos casais reprodutores de abutres-pretos até agora identificados naquela área protegida.
Desde o passado mês de fevereiro que o Lechuga não era avistado no Douro Internacional e sabe-se que andaria entre Portugal e Espanha, pelas zonas de Salamanca, Serra de Gredos, a Extremadura espanhola e Alentejo. "O registo deste indivíduo num campo de alimentação vem comprovar a importância destas estruturas para a disponibilização de alimento com qualidade, livre de substâncias tóxicas, e de forma regular para espécies de aves necrófagas ameaçadas, a qual é fundamental principalmente durante a época de reprodução e período de dispersão dos juvenis, contribuindo também para o estabelecimento e fixação destes no território e para o aumento da sua população nidificante" explicou uma fonte da Palombar.
O abutre-preto extinguiu-se como nidificante em Portugal no início da década de 70. Ainda assim alguns exemplares mantiveram-se na faixa fronteiriça das regiões centro e sul, com indivíduos provenientes de Espanha. Só em 2010 o abutre-preto voltou a nidificar em Portugal, no Parque Natural do Tejo Internacional.