O Parque da Cidade, no Porto, foi o sítio ideal para que na manhã desta quarta feira, 26 jovens do programa SLI - Sustainable Living Innovators - medissem o carbono das árvores a partir do espaço, com o objetivo de lhes mostrar que tipo de informação é possível obter através dos satélites.
Corpo do artigo
Eram 14 estudantes do ensino secundário e 12 do ensino superior, divididos em quatro grupos. Num deles estava Francisco Amorim. A estudar no secundário, Francisco tem 16 anos e sempre foi "bastante curioso e interessado em saber mais sobre o espaço". "Queria abrir o meu leque de conhecimentos. Mal vi a oportunidade, inscrevi-me", explicou. O grupo de Francisco passou a manhã a "tentar construir um satélite que consiga detetar e medir as pegadas de carbono que cada pessoa faz". Mas como já há satélites a fazer esse trabalho, "mas em grandes proporções", o objetivo é "criar um mais pequeno e mais barato", para que mais empresas possam comprar. "É uma experiência muito enriquecedora, vou levar muitos conhecimentos daqui", sublinhou Francisco, observando que o programa SLI é "uma maneira de captar jovens que queiram aprender mais sobre este tipo de assuntos".
Noutra equipa estava Bárbara Carmelo. A jovem de 20 anos está no segundo ano da licenciatura em engenharia aeroespacial, na Universidade do Minho, e explicou as razões da sua participação: "O programa é bastante bom para alunos universitários, porque é um complemento para a nossa formação académica, que na verdade é bastante teórica e aqui temos a oportunidade de por em prática o que aprendemos". "Também conseguimos perceber o caminho específico que queremos seguir em termos de mestrado", afirmou.
A equipa de Bárbara ficou responsável por "explorar a inteligência de mercado associado ao espaço, focando um bocadinho nas rotas marítimas e no impacto que elas podem ter na nossa sociedade", disse a estudante, acrescentando que a ideia do grupo é "explorar o papel das seguradoras e das empresas de transporte marítimo naquilo que é a otimização de rotas e na deteção de poluição marítima". Desafiada a criar algum tipo de dispositivo de mapeamento, a equipa de Bárbara tem como objetivo "criar um satélite que integrará alguns tipos de câmaras".
A 5º edição da iniciativa trouxe de volta antigos participantes. É o caso de Patrícia Barros, que agora é investigadora da área do Espaço do CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento. Patrícia participou na primeira edição do programa, que considera um projeto "muito bom". "Nós temos a capacidade de adquirir formação de áreas diferentes", assinalou. Neste ano deu mentoria aos jovens presentes na parte do desafio de carbono e sustentabilidade. "Eles não precisam de olhar só para uma indústria, mas sim pensarem no planeta como um ecossistema e no final o importante é que haja neutralidade carbónica não só numa empresa específica, mas sim no ecossistema total", aconselhou.
O SLI é um programa promovido pelo CEiiA, que dá formação avançada a jovens a partir do 10º ano, orientando-os para a valorização do conhecimento e da tecnologia em prol da qualidade de vida e sustentabilidade do planeta. A ação no Parque da Cidade serviu para a recolha de informações. Os resultados obtidos serão processados posteriormente. Assim, os participantes vão aprender como é que um cientista calcula o carbono sequestrado.
Nesta quarta-feira, segundo André Dias, diretor da área do espaço do CEiiA, os jovens aprenderam a medir carbono através de árvores. Além de fazerem medições à altura e ao diâmetro dos troncos, os estudantes usaram drones para obter imagens. "Estamos a habilitar este jovens a serem agentes transformadores do seu mundo, e damos-lhes várias ferramentas para construírem o seu futuro", disse Sónia Nunes, coordenadora do programa SLI, afirmando ainda que os estudantes que por ali passam "ficam diferentes", por se tratar de "uma experiência muito transformadora".