Chamas queimaram a casa de Juan e o dinheiro que tinha guardado para trazer as duas filhas da Colômbia. Esta quinta-feira, recebeu em Águeda móveis para o quarto provisório, numa ação do JN Solidário.
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Águeda Juan Pinzon, 46 anos, ainda não recuperou do incêndio de meados de setembro que destruiu a casa de madeira onde vivia com a companheira em Cavada Nova, zona de fronteira entre Albergaria e Águeda. O colombiano perdeu o que tinha e naquela manhã de 16 também perdeu o chão na Navigator, em Aveiro, quando a companheira lhe telefonou, depois de uma noite de trabalho, a dizer para não regressar a casa porque estava a arder. “Cai na fábrica, sem reação, parte da minha vida estava destruída”, lembrou esta quinta-feira ao JN, num dos poucos dias com pingos de alegria em dois meses. O quarto, onde está a viver numa casa em Águeda, parece outro depois de ter sido mobilado numa iniciativa do JN Solidário com o apoio da Feira dos Sofás e intermediação da Câmara, uma ajuda que se estendeu hoje a outra vítima dos fogos em Águeda.
Pinzon deixou as duas filhas, de 15 e 20 anos, na Colômbia, onde vivem com a avó. Estava a poupar dinheiro para as trazer para Portugal em janeiro, dois anos e meio depois de as ter deixado em Cali, onde as abraçou pela última vez.
A vida, meses antes da tragédia, estava finalmente a compor-se. Para além do emprego na fábrica, fazia uns trabalhos de publicidade, a sua especialidade. Na casa destruída tinha 1600 euros guardados, para mandar vir as filhas e comprar uma câmara que o ajudaria nos trabalhos, onde estava a ganhar um extra para pagar a educação de Mariana e Maria e aforrar algum.
O dinheiro ardeu com o resto, incluindo drone, câmaras, luzes e cópias únicas de 18 anos de trabalho e fotos da família. “Senti um vazio na alma e não fosse a Câmara de Águeda e algumas pessoas daqui, que me têm ajudado, e estaria mais perdido. Os meus planos foram destruídos e não sei quando poderei trazer as minhas filhas”, diz emocionado.
Foi no meio da tristeza que pediu auxílio à Feira dos Sofás, que através da Associação JN Solidário e Câmara, recebeu uma cómoda, secretária, cadeira e um colchão com almofadas. Tudo novo. “Esta ação de trazer algum conforto a quem perdeu tudo ultrapassa a função das vossas empresas e, por isso, também nos comove”, afirmou a vereadora da Ação Social, Marlene Gaio, depois de também o vice-presidente Edson Santos ter agradecido.
Rafael Barbosa, diretor-adjunto do JN, lembrou que a ação solidária é mais um dos traços de proximidade que diferencia o Jornal de Notícias. E Francisco Moreira, da Feira dos Sofás, frisou que a empresa “vai continuar a ajudar” quem precisar com “mobiliário essencial”.