Judite tem 80 anos e foi despejada: “Vivo tão aflita! Vou para a rua com esta idade?”
Uma mulher de 80 anos tem de deixar, até ao final de maio, o T1 onde vive há 10 anos, em Gaia, porque a senhoria não renova o contrato de arrendamento. A idosa, que tem uma incapacidade física de 70%, aguarda desde 2002 por uma casa municipal.
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Foi em lágrimas que Judite viveu aquele dia, quando lhe propuseram que passasse o tempo que ainda lhe resta da vida de 80 anos num albergue. Com uma incapacidade física de 70%, por conta de uma mastectomia que lhe deixou o braço direito inchado e sem ação, tem, na mão esquerda, a carta da senhoria a informar a intenção de não renovar o contrato de arrendamento firmado há 10 anos e relativo a um T1 perto do Jardim do Morro, em Gaia.
O prazo para Judite deixar a casa termina no final deste mês. Entretanto, a idosa aguarda, há mais de 20 anos, por uma habitação social. “Vivo tão aflita! Vou para a rua com esta idade?”, desespera-se a octogenária. Datada de Março de 2023, a “oposição à renovação do contrato” é como uma sentença sem recurso: “Nunca pensei estar assim nesta idade”. E estar assim é começar de novo, sem ter por onde.