Apicultor Hugo Caldeira aponta estratégias para manter abelhas vivas e produção de mel.
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Testemunho Hugo Caldeira é enfermeiro e apicultor nos tempos livres, mas leva a atividade muito a sério, sobretudo na forma como defende as suas colmeias da vespa-asiática. Os seus apiários estão na freguesia de Sarzedas (Castelo Branco), que, por ser uma zona húmida de pinhal, tem maior potencial para as asiáticas se instalarem. Os apicultores já sabem que estas preferem ficar próximas de pontos de água, em lugares húmidos, daí terem surgido e serem em maior número no Norte do país.
“Até maio, devemos colocar as armadilhas no terreno, com os iscos para atrair as fundadoras. Já estão a fazer ninhos novos. Quando o ninho primário já tem 12 ou 13 vespas, dão origem a um ninho secundário, que são os de grandes dimensões, tornam-se mais visíveis e são feitos nas imediações do ninho principal. E assim vão colonizando o território”, explica Hugo Caldeira. Neste período, “quanto mais fundadoras apanharmos, menos ninhos vão surgir. Cada ninho pode albergar cerca de 30 mil vespas e libertar 50, 80 ou 100 novas fundadoras. É sempre a multiplicar, o que é muito mau”.
A vespa-asiática faz uma predação constante da colmeia. “Está à espera que as abelhas venham para atacá-las e, com isso, acabam por enfraquecer a colmeia e destruí-la”, alerta Hugo Caldeira. As vespas vão criando defesas e os apicultores estratégicas de ataque. “Juntamos o máximo de colmeias possíveis, porque, se tivermos muitas, vão diluindo a caça por todas e o dano é menor”. Os apicultores já perceberam que, para manter os mesmos quilos de mel, têm de ter cada vez mais colmeias. “A produção tem vindo a baixar, apesar de 2024 ter sido um bom ano de mel”, admite, mas não se pode baixar a guarda.
Cercas elétricas
As únicas armas disponíveis são as armadilhas e as harpas para dissuadir as vespas. “Funcionam como as cercas elétricas. Elas andam a rondar, batem nos filamentos eletrificados, ficam atordoadas e vão avisar o ninho de que este é um local perigoso”.
Pastilhas
Os apicultores usam pastilhas, em vez de pólen natural, para alimentar as abelhas. Mas uma pastilha de um quilo é devorada em pouco mais de oito dias numa colónia forte.