Junta da Madalena, em Gaia, desafiou população a participar na reabilitação de estrutura bastante danificada. Este domingo e segunda-feira haverá recriação histórica.
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"Desassossegar" é a palavra de ordem de Miguel Almeida, presidente da Junta da Madalena, Gaia, que convidou a população a pintar o apeadeiro ferroviário da freguesia, que há muito se encontrava num "estado miserável". A resposta não podia ter sido melhor: ontem, os voluntários apareceram logo pela manhã e reinou a boa disposição. "As pessoas estão ávidas de fazer coisas e só estão à espera de serem desafiadas", constatou o autarca ao JN.
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Neste caso, segundo explicou Miguel Almeida, "foi pedida a devida autorização à Infraestruturas de Portugal [entidade responsável pelo equipamento]" e até houve o cuidado de "respeitar a cor original da estrutura, o cinzento", que num instante tapou vários rabiscos ali grafitados. As tintas foram oferecidas pela empresa Lar do Pintor.
"Pretendemos dar outra dignidade a este espaço, ainda que saibamos que com a remodelação da Linha do Norte vai ser destruído", sublinhou o autarca.
"Com a vontade que estão, de caminho estão em Valadares", soltou um dos participantes, em jeito de graça, arrancando uma gargalhada geral.
Carla Silva, "nascida e criada na Madalena", foi uma das que aceitaram o repto do presidente: "Já cá não vivo, mas continuo a ter aqui os meus pais e acho que é uma boa iniciativa".
Já Vítor Rocha sublinhou que a ideia da ação "é a Junta dar o exemplo para, quanto mais não seja, incutir nas pessoas a importância de defenderem o espaço que é de todos e ajudarem na sua preservação".
Viagem ao século XIX
E porque no século XIX a inauguração do apeadeiro da Madalena foi "um verdadeiro acontecimento", segundo contou Miguel Almeida, este domingo (das 10 às 11.30 horas; e das 16 horas às 17.30 horas) e na segunda-feira (das 10.30 às 11.30 horas; e das 15.30 horas às 17 horas) haverá uma recriação histórica desse tempo, com cerca de 20 figurantes vestidos à época. Pertencem ao Grupo Folclórico da Madalena e ao Orfeão da Madalena e vão andar a "cirandar" pelo apeadeiro.
"No fundo, depois de dois anos de pandemia, estas duas associações foram desafiadas a sair para a rua", referiu o autarca. Com esta iniciativa, espera estar a lançar "a semente de qualquer coisa" e lembra que "as recriações históricas de Arouca e de Santa Maria da Feira também começaram por ser coisas pequenas".