Autarquias lisboetas dizem que demora no financiamento põe em causa outros serviços
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Desde janeiro que as Juntas de Freguesia de Lisboa esperam que a Câmara lhes pague metade das verbas destinadas à higiene urbana. Segundo alguns presidentes de Junta, os contratos de delegação de competências, através dos quais recebiam um reforço para esta área, caducaram em setembro e criticam o município por não dizer quando e em que moldes vão continuar. Temem despedir trabalhadores e não conseguirem garantir todos os serviços, como apoios sociais.
O presidente da Junta de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, diz ao JN que, com o regresso dos visitantes e uma maior pressão turística, a situação tem-se agravado. "O alojamento local e a restauração descarregam o lixo todo durante o dia. Nunca tivemos tantas queixas, mas sem recursos não conseguimos resolver tudo", lamenta o autarca, que recebe um milhão e 300 mil euros para a área de Higiene Urbana.
Fábio Sousa, presidente da Junta de Carnide, que recebe 300 mil euros, lembra a importância de se manterem estes serviços. "Estas equipas fazem limpeza de sarjetas, ajudando a prevenir situações de catástrofes. Nos fins de semana de jogos de futebol também são fundamentais, mas não vamos conseguir continuar muito mais tempo".
Projetos sociais
Miguel Coelho diz ainda que o atraso na atribuição de verbas prejudica outras áreas. "O dinheiro vai faltar para outras coisas, como para o projeto social "Mesa de Afetos" através do qual cozinhamos e levamos comida a casa das pessoas, para a orquestra juvenil ou a universidade sénior", explica.
O presidente da Junta de Alcântara, Davide Amado, que alerta ainda que esperam verbas para outras áreas, como o Fundo de Emergência Social, critica o mesmo. "Tivemos oito anos a criar respostas para a comunidade, depois ficamos sem receita por causa da pandemia e agora a Câmara não trata dos protocolos. Estamos na iminência de terminar com respostas essenciais".
Ao JN, a Câmara sublinha que aceitou o compromisso com as juntas e garante que o vai cumprir, "nos termos em que se comprometeu". "Esse compromisso incluiu o pagamento de uma verba não orçamentada nem cabimentada pelo anterior executivo e incluí também a contrapartida pelo ano de 2022".