Espaço é o maior centro de investigação nacional e o primeiro a trabalhar em todo o mundo. Vai investir 130 milhões em ciência até 2030.
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Portugal é “o país mais equilibrado da União Europeia”. Está “muitíssimo bem” e “isso deve dar-nos esperança”. Urge aproveitar a “onda”, “não baixar os braços” e “fazer” em vez de perder tempo com “grandes números de folclore político” ou a “endeusar os debates”. Há que assumir “a dianteira” na Europa em matéria de inovação. Os 833 milhões investidos em ciência em 2024 – “a maior taxa de execução de sempre” – foram disso um exemplo. A análise é do primeiro-ministro, Luís Montenegro e foi feita, esta segunda-feira, na inauguração do novo centro de investigação da Biopolis, na Quinta de Crasto, em Vairão, Vila do Conde.
O centro, que nasce de uma parceria do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto com a Universidade de Montpellier (França) e a Porto Business School, tem um orçamento de 130 milhões de euros até 2030 e dedica-se a três áreas chave: genética, ecologia e estudo dos ecossistemas.
“A melhor forma de prever o amanhã é criá-lo”, afirmou o reitor da UP, António de Sousa Pereira, parafraseando Abraham Lincoln e salientando a necessidade urgente de combater “os enormes perigos que atingem a biodiversidade”.
A UP, frisou, está “consciente do seu papel” e a Biopolis é exemplo disso. O projeto junta academia, Estado, empresas e sociedade civil – através de fundações ou museus – “no maior investimento público alguma vez feito num centro de investigação nacional” e, como frisou o presidente da Biopolis, Nuno Ferrand, no “primeiro que é global”.
Ali, há 200 investigadores e tão depressa se estuda o lobo ibérico na Extremadura como os mochos em S. Tomé e Príncipe, os ecossistemas de Madagáscar, do deserto do Saara ou das florestais tropicais da América do sul. O palacete do século XIX, outrora pertença do “Barão do Ave” e agora renovado, passa ainda a acolher o primeiro laboratório nacional de DNA antigo que permite, por exemplo, extrair DNA de vestígios arqueológicos.
O projeto prevê ainda a criação de duas estações biológicas em Mértola (que será inaugurada em junho) e no Gerês, bem como a construções de uma rede de laboratórios geminados em países como Angola ou Moçambique.
Menos burocracia e menos precariedade
À espera de Montenegro, estava uma manifestação contra a precariedade na ciência do Sindicato dos Professores do Norte. “O Estatuto da Carreira de Investigação Científica (ECIC), aprovado há 10 dias, ficou muito aquém”, frisou Hélder Maia, lembrando que a maioria dos cientistas continuam “desprotegidos” e “sem contrato de trabalho”. O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Fernando Alexandre, ouviu. Diz que o governo se limitou a dar seguimento ao ECIC deixado pelo PS. Reconhece que há muito a melhorar. Já lá dentro, Montenegro ouviu as críticas ao excesso de burocracia e, já em jeito de campanha eleitoral, diz estar a trabalhar num novo ECIC.