Festival gastronómico atrai quase tantas visitas como o histórico Mosteiro de Lorvão.
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Os restaurantes de Penacova prevêem servir perto de cinco mil doses de arroz de lampreia no último fim-de-semana de Fevereiro, altura em que terá lugar o festival gastronómico, cada vez mais a assumir-se como o evento que mais visitantes atrai ao concelho.
Em 2009, os 12 restaurantes envolvidos no certame serviram, apenas durante os dias da sua realização, 4956 doses de arroz de lampreia. Este ano, implicando 14 estabelecimentos, os promotores admitem atingir um número idêntico.
O Festival da Lampreia de 2009 beneficiou do facto de coincidir com o Carnaval, reconhecem os organizadores. Mas "o evento já tem um público muito fiel", sublinha Luís Rodrigues, técnico dos serviços de turismo da autarquia.
Promovido, desde há 13 anos, pela Câmara de Penacova, a iniciativa é um dos maiores cartazes turísticos do município. O Mosteiro de Lorvão, principal monumento do concelho, foi visitado, nos últimos três anos, em média, por sete mil pessoas. O Museu Moinho Vitorino Nemésio recebeu, em 2009, perto de 5500 visitantes.
De acordo com a tradição
"O sucesso do festival [que este ano se realiza entre os dias 26 e 28], deve-se, antes de mais, às características do prato, confeccionado de acordo com a tradição", que é antiga, mas sobre a qual não há dados que permitam saber a que época remonta.
"Um bom vinho e um bom azeite são fundamentais", diz Jorge Côta, proprietário do restaurante Côta. O conhecimento herdado e de experiência feito "de nada serve se os produtos não forem de boa qualidade", afirma, à Lusa, Natália Coimbra, proprietária e cozinheira do restaurante Boa Viagem. A começar pela lampreia, cuja qualidade passa pelo tempo de estágio em tanques de água doce corrente. Ai, passa fome e emagrece, perde o sabor a lodo, adquire consistência e muda mesmo de cor, escurecendo.
Até há alguns anos, o estágio, de vários dias, era feito no Mondego. As lampreias eram guardadas em caixas de rede, permanentemente banhadas pelas águas do rio. Por isso, "restaurante que se prezasse em servir lampreia, localizava-se junto do rio". Agora, "isso acabou e já ninguém deixa a lampreia no rio", sob pena de ser roubada, explica Jorge Côta. E é fácil de compreender o fenómeno, pois uma lampreia custa, hoje, cerca de 70 euros.
*JORNALISTA DA AGÊNCIA LUSA