
Croquetes e piza de lampreia foram algumas das inovações apresentadas no lançamento da 16.ª edição da "Lampreia do Rio Minho – Um Prato de Excelência"
Foto: Ana Peixoto Fernandes
A escassez de lampreia que afeta o rio Minho está a elevar o preço do prato nos restaurantes para valores que podem superar os 200 euros.
Numa altura em que decorre a “16ª edição da Lampreia do Rio Minho – Um Prato de Excelência”, em cerca de “uma centena” de restaurantes de seis municípios, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira, o ciclóstomo tornou-se uma iguaria paga a peso de ouro.
A iniciativa foi apresentada esta sexta-feira numa conferência de imprensa em Paredes de Coura e Carlos Fernandes, especialista em Gastronomia e Turismo do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), defendeu que, tendo em conta o preço que o prato atingiu, este deverá ser promovido como um produto “para nichos turísticos”.
“Já há três anos que não como lampreia porque por 120 ou 150 euros (que cada uma custa) compro três cabritos na minha terra", comentou durante uma intervenção sobre a temática da promoção dos produtos gastronómicos tradicionais do território.
A emblemática iniciativa “Lampreia do Rio Minho – Um Prato de Excelência” é promovida pela ADRIMINHO-Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho, em conjunto com os municípios em torno do rio. E Carlos Brandão, coordenador da associação, admitiu que a edição de 2025, a decorrer desde 15 de janeiro e até 30 de março, obrigou a subir o teto máximo do preço nos restaurantes aderentes.
“Temos que promover a lampreia como um prato de excelência, raro, infelizmente cada vez mais raro. É um desafio que o território tem de enfrentar. Temos de encontrar aqui algumas soluções para o diminuir. É vender o produto, como produto de excelência”, defendeu, lembrando que a lampreia já foi “um produto de excelência, acoplado a uma quantidade maior". Neste momento, a quantidade é reduzida, referiu, acrescentando que é preciso "garantir sobretudo a sua qualidade”.
Quanto aos valores que possam estar a ser praticados dada a escassez e o preço de compra ao pescador, que “ronda os 150 euros”, Carlos Brandão, declarou que existem “normas” para os restaurantes. “Não pode ser cobrado um valor máximo, mas olhando sempre para o preço a que está a ser vendida a lampreia no mercado. Há muitos anos havia um valor máximo que era cerca de 30 euros por pessoa. Neste momento, tivemos que fazer o ajuste ao valor que está no mercado e que é alto. Está a variar muito”, explicou, referindo ter conhecimento de um restaurante “fora do território, que está a vender a 220 euros a lampreia”. “Dá para quatro pessoas, portanto estamos a falar de cerca de 55 euros por pessoa. No nosso território os preços não estarão tão altos, ainda estamos a começar, mas andarão sempre à volta dos 200 euros, considerando o preço de custo e a margem do restaurantes”, disse.
Manoel Batista, presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, destacou a importância da promoção dos produtos gastronómicos tradicionais, como a lampreia, e que tem “tido sucesso ao longos dos últimos anos”. “Espero que continue, mas a verdade é que estamos aqui com uma dificuldade, que será difícil de contornar, que é a diminuição da lampreia no rio Minho”, admitiu.
Na conferência de imprensa desta sexta-feira foram apresentados "inovações" como croquetes e piza de lampreia.

