O presidente da Associação de Pescadores da Ribeira Minho, David Sanches, alertou, esta sexta-feira, que a pesca da lampreia no rio Minho enfrenta problemas e que é necessário acautelar a prática sob pena de a espécie acabar na próxima década.
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O aviso foi feito durante a apresentação de mais uma edição da iniciativa "Lampreia do Rio Minho: Um Prato de Excelência", que decorrerá de 15 de fevereiro a 16 de abril aos fins de semana, em 87 restaurantes dos concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença, Monção, Melgaço e Paredes de Coura.
A época começou a 2 de janeiro e o negócio, que há muito que costuma ser rentável para quem trabalha na pesca, intermediários e restauração, está, neste momento, a ser afetado pela escassez. A lampreia está mesmo a ser considerada "rara".
"Neste momento há pouca lampreia. No ano passado houve pouca porque havia pouca água e este ano é porque há água a mais. A minha filha comprou na quinta-feira quatro lampreias a 65 euros cada uma", afirmou o presidente da Associação de Pescadores da Ribeira Minho, David Sanches, referindo que já há quem esteja a introduzir lampreia francesa no mercado para "ganhar dinheiro".
David Sanches apelou aos autarcas da região que reúnam com os pescadores para procurarem, em conjunto, soluções para problemas que podem colocar em risco "a galinha de ovos de ouro" do Minho. Estão em causa "a tremenda burocracia" relacionada com a pesca, a poluição, as espécies invasoras e as descargas "sem controle" da barragem da Frieira.
O presidente da Associação de Pescadores da Ribeira Minho, que agrega 65 embarcações licenciadas, apelou aos autarcas da região, que reúnam com os pescadores, para procurarem, em conjunto, soluções para problemas que podem colocar em risco "a galinha de ovos de ouro" do Minho. Estão em causa "a tremenda burocracia" relacionada com a pesca, a poluição, as espécies invasoras e as descargas "sem controlo" da barragem da Frieira.
Na apresentação do festival gastronómico "Sabores da lampreia", que decorrerá até meio de abril, o autarca de Valença, José Manuel Carpinteira, afirmou: "a lampreia é um dos baluartes da região. "Queremos defender a lampreia como património da nossa história e da nossa cultura. É um prato de excelência". Já o presidente da câmara de Paredes de Coura, Vitor Paulo Pereira, considerou que aquele ciclóstomo é "uma coisa rara e difícil, que tem de ter um preço justo". "A lampreia é o nosso diamante, pago a peso de outro", rematou.
Lampreia francesa
David Sanches garante que "há quem esteja a mandar vir de França "às quantidades e depois vende-a por lampreia do rio Minho". Distingue-se por ser "mais mole" que a de cá.
Rio pouco "confortável"
"O rio Minho não está confortável para espécies como a lampreia", disse o biólogo, diretor do Aquamuseu do rio Minho, Carlos Antunes, confirmando o cenário traçado por David Sanches.