Foi lançada esta sexta-feira a Plataforma do Observatório Nacional da Desertificação (OND), numa sessão organizada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em Mogadouro.
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Trata-se de um recurso considerado "fulcral" por Sandra Sarmento, vogal do conselho diretivo daquele instituto, pois servirá para desenvolver e operacionalizar a infraestrutura de dados de suporte e promover um portal de dados abertos, que concentre a informação obtida no âmbito da atividade do Observatório. "É mais do que um repositório de informação, queremos que seja uma plataforma muito utilizada e que permita partilhar experiências", acrescentou a responsável do ICNF, numa sessão que serviu para assinalar o Dia da Desertificação e Seca.
Portugal é um dos países mais expostos a estes fenómenos, atualmente com mais de 50% dos solos que são afetados pela desertificação. "Este ano temos também associada a seca. Temos de estar atentos. O Parque Natural do Douro Internacional, onde estamos, que agrega quatro municípios, é uma área afetada pela desertificação. Temos que passar a mensagem que o problema não é só no sul do país e deve mobilizar-nos a todos para agir", afirmou Sandra Sarmento.
O projeto da plataforma é a par dos planos de gestão eficiente da água e dos recursos hídricos, uma iniciativa que responde à necessidade de combater a desertificação, procurando assegurar a neutralidade da degradação dos solos e para mitigar os efeitos da seca.
Como medidas concretas no terreno foram apresentados quatro projetos de investigação, financiados pelo Programa EEA Grants, "para identificar as melhores práticas", destacou a vogal do ICNF.
Os projetos que têm a missão de intervir no combate à desertificação e à seca, implicam um investimento total no valor de 1, 2 milhões de euros. Dois deles, com uma dotação financeira de 820 mil euros, têm incidência em Trás-os-Montes, Douro, Beiras e Serra da Estrela, "com foco no aumento da resiliência das florestas e das áreas ardidas, diminuindo as suas suscetibilidades aos incêndios e à desertificação através do restauro e requalificação das zonas afetadas por incêndios e erosão do solo", descreveu Sandra Carvalho, do Programa Ambiente do EEA Grants.
Os outros dois abrangem as zonas do Algarve e Alentejo, com um financiamento de 730 mil euros. "Têm a missão de "aumentar a resiliência dos sistemas produtivos dos montados, centrados na proteção dos solos, melhorando os métodos e as produções sustentáveis em produções agroflorestais e pastagens extensivas", acrescentou Sandra Carvalho, sublinhado que estes quatro projetos não resolvem o problema da desertificação em Portugal, "mas são um ponto de partida e fazem parte de um agir global".