Uma utente da uma residência sénior de Almalaguês morreu no centro hospitalar de Coimbra, onde estão mais três infetados. Outros dez utentes acusaram positivo mas mantêm-se no lar, a par de sete idosos e uma dúzia de funcionários para os quais "não há testes".
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Helena Fachada, de 88 anos, faleceu na quinta-feira à noite, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), com Covid-19. A segunda vítima mortal do lar do Centro Paroquial de Bem Estar Social de Almalaguês estava internada desde 28 de fevereiro, sendo que também sofria de outras patologias.
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Segundo as informações que foram sendo prestadas pela direção técnica do lar, a Covid-19 só foi diagnosticada naquela idosa depois de outras duas utentes terem sido internadas, no último sábado (dia 21), no CHUC. Os testes feitos a estas duas mulheres tiveram resultado positivo no domingo (22) e foram então apresentados pela diretora técnica do lar, Elza Carvalho, como sendo os primeiros casos de infeção na instituição. Uma dessas mulheres, de resto, viria a falecer na quarta-feira (25).
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Quanto à segunda vítima mortal, a diretora-técnica diz que tinha sido internada no CHUC, em 28 de fevereiro, após quatro idas às urgências hospitalares, em que acabou por ser mandada de volta para o lar, sem ser submetida a teste de despistagem da doença. Neste momento e face ao desenlace deste caso, Elza Carvalho é levada a admitir que Helena Fachada já estivesse infetada por coronavírus quando foi internada, não obstante sofrer, também, de outras patologias.
Duas dezenas sem testes
Além de duas vítimas mortais, o lar do Centro Paroquial de Almalaguês registava, ao início da tarde desta sexta-feira, 13 casos positivos para Covid-19 entre os utentes, mais três casos positivos entre os funcionários.
Aqueles três funcionários - em que se inclui a assistente social Ana Redondo, que era a principal interlocutora das famílias -, estão em quarentena nas suas habitações. Dos 13 utentes infetados, três estão internados no CHUC, enquanto os outros dez permanecem no lar, isolados nos quartos.
Além dos testes positivos para Covid-19, houve dez testes negativos a utentes e outros tantos a funcionários, sendo que, entre os profissionais, ainda se aguarda o resultado de três testes.
Daqueles números resulta que ainda há sete utentes e uma dúzia de funcionários do lar que não foram sujeitas a teste. "A resposta que a Delegação de Saúde de Coimbra deu foi que não há testes", justifica a diretora técnica do Centro Paroquial.
O JN pediu explicações àquela Delegação de Saúde, dirigida por João Pedro Pimentel. Através de fonte oficial, a mesma respondeu que "já foram feitos testes, no domicílio, à maior parte dos utentes e profissionais, seguindo critérios de prioridade". "[Os testes] ficarão concluídos no início da próxima semana", prometeu a mesma fonte, que disse ainda que "a situação do lar de Almalaguês está a ser acompanhada em permanência, desde há uma semana, pela autoridade regional de saúde pública".
A alegada falta de stock de testes contraria o discurso oficial da Direção-Geral da Saúde e do Governo, que têm repetido, nos últimos dias, que não faltam testes para situações como aquela que se verifica no lar de Almalaguês.
"Isto é uma anormalidade"
Isabel Anastácio, filha de uma utente do lar que fez teste e teve resultado negativo, manifesta-se revoltada, por ainda não terem feito o despiste da doença a todos os utentes e funcionários. "Isto é uma anormalidade. Não fico tranquila se puserem ao pé da minha mãe uma pessoa que não está testada", afirma, tendo em conta que a progenitora está num quarto duplo onde, entretanto, uma cama ficou vaga.
Questionada sobre aquele risco, a diretora técnica do lar pede confiança. "As famílias têm que confiar em nós", afirma Elza Carvalho, garantindo que, devido aos resultados dos testes já existentes, está em curso uma reorganização do lar que terá em conta aqueles e outros riscos.
A responsável também não afasta a necessidade e evacuar o lar, tal como tem sucedido noutras instituições do país, designadamente para desinfeção das instalações. "Isso vai acontecer se ficarmos sem cuidadores. Os cuidadores não estão positivos", afirma, explicando que os três funcionários que acusaram coronavírus são "técnicos".