Profissionais têm estado divididos em dois grupos, que alternam o serviço em confinamento por períodos de duas a três semanas. Estão livres de covid-19.
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O lar do Centro Social e Paroquial de Lanheses, em Viana do Castelo, que está a funcionar em regime fechado há 50 dias, não vai abrir a visitas no dia 18. A instituição considera que "não reúne condições de tempo e de recursos humanos" para reabrir de momento, conforme as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS), sem colocar em risco a segurança dos idosos.
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Com 34 utentes, o lar tem funcionado, desde 23 de março, com a equipa dividida em dois grupos, que vão alternando o serviço em confinamento nas instalações por períodos de duas a três semanas. Até agora a covid-19 não entrou no lar e, por isso, as visitas vão ficar adiadas, pelo menos, até 1 de junho, altura em que o modo de funcionamento transitará para o regime aberto, com turnos de 12 horas. Os familiares poderão então visitar os utentes, mas com restrições.
"Este levantamento [da proibição de visitas] é muito a correr, numa situação em que as instituições estão com muitas dificuldades e a fazer o trabalho possível neste combate. É uma medida em cima da hora. Temos de nos organizar do ponto de vista de toda a logística para conseguirmos salvaguardar que as visitas aconteçam num ambiente de segurança máxima", considera o diretor do lar de Lanheses, Vasco Araújo, que permanece confinado na instituição há 50 dias.
As visitas são muito importantes do ponto de vista anímico
Sairá na próxima quinta-feira, pela primeira vez, para ver a mulher e os dois filhos pequenos. Aquele responsável sublinha a importância do contacto entre os utentes do lar e os seus familiares, mas considera que, no contexto da pandemia, é "ainda muito cedo" para abrir a porta.
"As visitas são muito importantes do ponto de vista anímico. A saudade é uma coisa que se nota nas chamadas. Vê-se no rosto dos utentes. De vez em quando lá vertem uma lágrima e nós temos que lhes proporcionar isso, mas a questão é ter tempo e os recursos necessários", explica, sublinhando: "Nós não temos condições para abrir a visitas no dia 18. Já falamos com quase todas as famílias. Elas já sabem a nossa postura e vamos continuar a passar esta imagem de segurança e de confiança".
Criámos um casulo, dentro do casulo
A reclusão no lar de Lanheses contou, além do pessoal da casa, com a participação de seis estudantes de enfermagem e uma enfermeira voluntária. Esta última, Sónia Oliveira, de 34 anos, esteve confinada 20 dias, numa ala improvisada com dois idosos, que foram isolados dentro das próprias instalações, após idas ao hospital.
"Criámos um casulo, dentro do casulo. Teve de ser porque ficámos com algum receio que os utentes pudessem desenvolver sintomas. Ofereci-me para ficar com eles. Sabia que corria o risco de ser contagiada, mas sou profissional de saúde, não posso ter receio", disse a enfermeira, enaltecendo o "espírito de equipa e de união" que ali se vive.
Ontem foi dia dos confinados há quase dois meses saírem para o átrio nas traseiras da instituição para a fotografia do JN. O grupo estava contagiado de alegria.
Brígida Franco, de 85 anos, e João Ribas, de 86, aceitaram dar o seu contributo (protegidos com máscara). E Brígida resumiu, quase que em jeito de rima, o sentimento de todos: "Estes dias de isolamento, por um lado tem sido de contentamento, por estarmos a viver em comunidade, não nos infetamos a nós, nem à sociedade. Isto é para bem de todos".