
António Manuel Bessa, 67 anos, é professor de Educação Física no 2.º Ciclo. Ao fim de 48 anos de serviço, vai pedir a reforma. Tem dois filhos, de 22 e 24 anos.
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António Manuel Bessa, novo presidente, garante que falta todo o tipo de licenças à instituição. Só para obras serão precisos entre três e quatro milhões. Há muitos lugares disponíveis em diferentes valências.
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"O mais difícil que nos espera é legalizar a casa. Falta tudo! Desde as infraestruturas aos projetos de segurança e contra incêndios. Somos confrontados com multas todos os dias". O desabafo é de António Manuel Bessa, que tomou posse como presidente da Direção do Lar do Comércio, em Leça do Balio, Matosinhos, nem há um mês. Sucede a António Moura, que ocupou o cargo durante os últimos 29 anos.
O novo presidente, eleito com 94,1% dos votos, confessou ao JN que "ainda não é previsível" saber quanto tempo vai demorar "a arrumar a casa", até porque, como frisou, "surgem problemas todos os dias!". Mas assume: "Outro dos grandes encargos será abertura para ouvir, porque as pessoas estavam amordaçadas".
Com o estado de degradação do edifício a olhos vistos, e com a Segurança Social "a exigir que sejam feitas alterações" no lar, para que se cumpram os acordos de cooperação entre as partes, António Manuel Bessa dá conta de que se aguarda "um parecer prévio deste organismo para arrancar com as obras de criação das estruturas residenciais para idosos". Aliás, a anterior Direção já tinha apresentado uma candidatura para recorrer a apoios.
Todavia, pela dimensão, custos, e complexidade da intervenção - "porque vamos ter de partir a casa toda" - o novo diretor tem "receio" de que a empreitada ainda não arranque este ano.
São obras para "três, quatro milhões", salientou Luís Viegas, membro da Direção, responsável pelo pelouro da Saúde, explicando que "em termos de estrutura não é fácil fazer rapidamente com os custos que isso implica". Mas logo a sua preocupação se agudiza: "Esta casa não tem as mínimas condições de segurança".
Recém-chegado ao cargo, e confiante no trabalho que terá pela frente, António Manuel Bessa ressalva: "As naus quando são grandes, as tormentas também o são".
Abrir a porta à comunidade
Além da modernização das estruturas e dos serviços, a nova Direção contou que tem também a intenção de criar uma unidade de cuidados continuados, de otimizar a creche - há capacidade para vir a receber mais do dobro das crianças (atualmente têm 82) - e de "abrir a porta à comunidade", estando nas previsões o acolhimento de voluntários.
"O fundamental é quebrar aquela cancela à entrada, é abrir esta casa à comunidade, é fazer sentir que trabalhamos para os utentes", reforçou o novo presidente, consciente de que "voltar a dar credibilidade ao Lar do Comércio vai demorar o seu tempo".
Depois de muitos utentes terem abandonado o lar, a instituição tem 100 lugares disponíveis para residentes, dez para o centro de dia e 60 para apoio domiciliário.
Sem querer comentar a gestão da Direção anterior, "porque há processos a decorrer nas instâncias devidas" - António Manuel Bessa foi vice-presidente de António Moura, mas demitiu-se em 2017 quando se sentiu "desautorizado"- o novo líder lamenta não ter havido "uma passagem de testemunho". "Tivemos de chegar e quase arrombar a porta".
Dia de aniversário em junho será de homenagens
A atual Direção, liderada por António Manuel Bessa, tem intenção de assinalar os 85 anos do Lar do Comércio - a 26 de junho - não só com uma cerimónia de homenagem aos utentes falecidos, mas também aos colaboradores que "não abandonaram o barco neste período difícil de pandemia". "É da mais inteira justiça!", vincou o diretor, esperando que nessa altura as restrições já sejam menores.

