As autoridades de saúde continuam à procura da origem do surto de legionela, que afetou sete pessoas no concelho de Caminha, mas agora com um novo dado que veio confundir a investigação: surgiram nove casos em localidades fronteiriças, do outro lado do rio Minho, na Galiza.
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Após divulgação no fim de semana de um surto também em A Guarda e O Rosal, municípios contíguos em território galego e vizinhos de Caminha, o delegado de Saúde do Alto Minho reuniu ontem, segunda-feira, em Vila Praia de Âncora - freguesia com maior número de infetados do lado português -, com responsáveis de saúde pública dos municípios portugueses da fronteira.
Segundo o presidente de junta de Vila Praia de Âncora, Carlos Castro, que participou na reunião, estiveram representados no encontro os concelhos de Vila Nova de Cerveira e Valença, além de Caminha, “pela proximidade entre si e por fazerem frente com Espanha". Notou-se ainda que subsiste a preocupação, dado que as autoridades de saúde "não sabem as causas" dos surtos nas duas margens do Minho.
“Ficaram desnorteados com o surto em Espanha. A situação está mais complicada”, afirmou o autarca ao JN, desabafando: “Não há explicação para isto”.
De acordo com Carlos Castro, o ponto de situação transmitido no encontro é que entretanto não surgiram novas infeções naquele concelho e que a investigação segue no terreno.
“Fizeram várias análises em muitos pontos da vila, em alguns comércios, lavandarias, num hotel, e em princípio não detetaram nada”, referiu o autarca, comentando: “Indiquei alguns sítios para poderem investigar. Falei das antigas pedreiras, da Etar da Gelfa, onde eles já estiveram, e também lhes mostrei umas fotografias de uns grandes tanques cheios de água da antiga fábrica de laticínios [encerrada há cerca de duas décadas]”, informou, manifestando-se apreensivo com a evolução da situação.
“As coisas estão mais calmas. Não há mais casos, as pessoas estão a fazer a vida normal, mas a bactéria está viva em algum sítio e à espera de se propagar”, concluiu.
O JN tem tentado obter informação sobre a situação junto da ARS-N, dada a indisponibilidade do delegado de saúde do Alto Minho para prestar declarações, mas até ao momento não teve resposta.