Às 7.30 horas em ponto desta quarta-feira, levantou voo o avião da ligação aérea regional Bragança-Vila Real-Viseu-Cascais-Portimão, que marca o regresso da carreira, depois de uma interrupção de mais quatro meses.
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Quatro passageiros embarcaram no primeiro voo, que dois dias por semana (quarta e quinta-feira) só assegura viagens entre Bragança e Cascais. Nos restantes quatro dias (segunda, terça, sexta e sábado), a rota é completa com aterragens nos cinco aeródromos, fruto das alterações ao caderno de encargos do concurso público ganho pela empresa Sevenair, que detém a concessão desde 2009.
“É um contrato por quatro anos. Hoje é o primeiro dia de quatro anos. Vai haver algumas alterações, a maior das quais vai ser de inverno, com os voos de quarta e quinta-feira diretos a Cascais. O resto mantém-se tudo na mesma e a partir de 29 de março já se realizam as duas viagens por dia”, explicou Pedro Leal, da empresa Sevenair, salientando que se fez "um ajuste" porque a linha "sai muito dispendiosa, mas mesmo assim vai passar os orçamentos".
Segundo o responsável da empresa “os quatro anos do concurso anterior representou uma perda de 1,5 milhões de euros, bem sei que tivemos a covid-19, passamos por algumas dificuldades”. Para acautelar prejuízos também “se aumentou um bocadinho o custo para o caderno de encargos, mas vamos ver se vai chegar”, acrescentou Pedro Leal.
A concessão conta com um financiamento e 13,5 milhões de euros para os quatro anos. “O preço dos bilhetes está tabelado e mantém-se, mas as taxas cresceram substancialmente, mas para o passageiro é um ajuste de poucos euros, dois a três euros por viagem”, referiu Pedro Leal.
Isabel Ferreira, deputada do Partido Socialista na Assembleia da República, aproveitou a retoma da carreira para viajar de avião para Lisboa, onde trabalha. “A mim fazia-me muita falta, porque viajo para Lisboa no início da semana e regresso no final de semana. Fazia a viagem de carro com um desgaste e um cansaço físico muito grande, pois tinha de conduzir entre quatro horas e meia a cinco horas. Assim de avião é mais rápido e permite que assuma mais compromissos”, explicou Isabel Ferreira ao Jornal de Notícias.
A ligação aérea esteve suspensa durante mais de quatro meses e sofreu vários atrasos no processo do concurso público internacional.
Apesar de o novo contrato entre o Estado e a Sevenair ter sido assinado em dezembro, quando foi remetido ao Tribunal de Contas para obtenção de visto, acabou por ser enviado para trás, para “um pedido de esclarecimento que pedia apresentação de nova documentação financeira, cabimento e compromisso, dado a assinatura do contrato ser de 2024 e a despesa se realizar já em 2025”, explicou uma fonte do Ministério das Infraestruturas ao nosso jornal.
Entretanto, o Tribunal de Contas já deu o novo visto prévio ao contrato assinado por quatro anos entre o Estado e a empresa no final de 2024, permitindo que seja retomada a ligação aérea entre Trás-os-Montes e o Algarve.
A concessão anterior já era assegurada pela Sevenair. A operadora deixou de assegurar os voos no final de setembro, devido a uma dívida do Estado de cerca de 3,8 milhões de euros. Quando a ligação foi interrompida, terminava o prazo do segundo ajuste direto, que permitia manter a rota em funcionamento enquanto decorria o concurso público internacional após o fim da concessão a 28 de fevereiro de 2023.
Parte dos pagamentos em atraso já foram pagos, mas, segundo Pedro Leal, continua por saldar uma dívida que ronda 1,8 milhões de euros que “o que é muitíssimo para uma empresa desta dimensão e cria problemas”. A Sevenair tem uma dívida de combustível ao aeroclube de Bragança. “Os nossos fornecedores, como o aeródromo de Cascais, a BP e outros a quem ainda devemos”, referiu o responsável da empresa. Quando o contrato anterior foi feito o combustível estava a 70 cêntimos, mas chegou a subir para 1,70 euros.
Durante a suspensão da linha aérea, a Sevenair manteve os trabalhadores em layoff, que terminou esta terça-feira. “Foi uma dificuldade tremenda manter os custos fixos deste pessoal todo. Foi uma resiliência que tivemos para fazer isto”, admitiu Pedro Leal.