Municípios e associações esperam que novos investimentos do Governo incluam linha férrea entre as duas cidades, separadas por apenas 25 quilómetros, mas a hora e meia de comboio.
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Autarcas, partidos da Oposição e associações dedicadas à hotelaria, comércio e empresas, todos são unânimes na defesa de uma linha ferroviária direta entre Braga e Guimarães, aproveitando os investimentos previstos pelo Governo na rede nacional. Para o atual líder do Quadrilátero Urbano, Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães, além da pertinência desta união, é "fundamental" que todas as cidades que integram a associação (Barcelos, Braga, Guimarães e Famalicão) tenham uma ligação ao traçado de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo.
O assunto voltou a estar em cima da mesa, após os membros do PCP de Braga relembrarem que uma viagem de comboio entre Braga e Guimarães "demora, em média, 1.32 horas para percorrer uma distância de 25 quilómetros que separa os concelhos", porque é preciso "trocar de linha em Lousado". "Promete-se Lisboa-Braga em duas horas, mas nada se diz sobre Braga-Guimarães", critica o partido comunista, que há vários anos reivindica por uma ligação direta entre as duas cidades.
Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, concorda que "é algo que deve ser estudado em complemento com os novos investimentos". "Há muito que o Quadrilátero Urbano se tem batido por outras soluções mais sustentáveis, mais amigas do ambiente e mais económicas que possam ligar os quatro concelhos, mas, em particular, estes dois que têm uma proximidade e colaboração mais forte, desde logo, pela presença da Universidade do Minho", refere o autarca.
Domingos Bragança corrobora que a ligação direta "é fundamental para permitir um acesso rápido e direto entre as duas cidades e a futura estação de alta velocidade".
Segundo o diretor-geral da Associação Empresarial de Braga, Rui Marques, "o desejável" seria uma ligação entre as atuais estações, mais próximas dos centros históricos. "Deveria ser uma linha feita em 15 minutos. Traria mais-valias extraordinárias ao nível do turismo, comércio, indústria e da movimentação de pessoas", defende o responsável.
Já o presidente da Associação Vimaranense de Hotelaria concorda que, "havendo mais acessos da ferrovia, isso melhorará a chegada de turistas". Contudo, ressalva, "no setor hoteleiro, neste momento, há coisas mais urgentes para resolver, como a sazonalidade".
Nova estação em Braga
No âmbito dos investimentos para a alta velocidade, o Governo anunciou um novo apeadeiro para Braga, que deverá ficar localizado entre Semelhe e Gondizalves. Para Ricardo Rio, a confirmar-se, será "um bom ponto de paragem" do traçado. Já Domingos Bragança acredita que deve haver um portal de entrada próximo da Cidade Berço. Recentemente, o edil vimaranense apontou a freguesia bracarense de Escudeiros, vizinha de Leitões, em Guimarães, como solução. Ao JN, o autarca diz que "a Câmara de Guimarães, em diálogo com o Governo, está a elaborar os estudos para fundamentar tecnicamente a sua reivindicação estratégica para o território".
IP não se compromete para já com a ideia
A Infraestruturas de Portugal (IP) confirma que o projeto Porto-Vigo em alta velocidade, no que respeita aos quatro concelhos do Quadrilátero Urbano, prevê "a construção de uma nova estação na Linha de Alta Velocidade na proximidade da cidade de Braga", mas sobre outros investimentos a empresa não se compromete para já. Segundo a IP, encontra-se em desenvolvimento o Plano Nacional Ferroviário e "será neste âmbito que deverão ser estabelecidos os objetivos e parâmetros de desenvolvimento da rede ferroviária nacional, além do já estabelecido no Programa Nacional de Investimentos 2030".