Linguagem obscena em barraquinhas de estudantes no Algarve origina abertura de inquérito
Desafios para que mulheres se dispam em troca de “shots”, linguagem obscena e referências sexuais. São vários os cartazes deste cariz que decoram algumas barraquinhas de curso da Semana Académica do Algarve, que decorre até sábado, em Faro.
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A divulgação e partilha das imagens nas redes sociais provocaram uma onda de indignação. O reitor ordenou a abertura de um inquérito e exigiu que a Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUalg) tomasse medidas.
“Vai ser exigida a remoção imediata de todos os cartazes com conteúdo ofensivo e mensagens desrespeitosas, nomeadamente para com as mulheres”, garantiu o presidente da AAUalg. Rodrigo Raziel assegurou que vão ser revistas as trinta barraquinhas e que já tinha sido feito um “pedido especial” a um dos cursos, o de Engenharia Mecânica, conhecido por partilhar conteúdo obsceno em anos anteriores, para que não o fizesse. Mas o cenário repetiu-se.
O reitor, Paulo Águas, anunciou “a abertura de um inquérito para investigar a existência de responsabilidade disciplinar por parte dos estudantes envolvidos na ocorrência” e repudiou “a prática de comportamentos sexistas, atentatórios dos valores humanistas, igualitários e democráticos da instituição”.
O receém criado Núcleo Feminista da UAlg considerou “insuficientes” as medidas tomadas. “Limitam-se a uma reação pontual a um problema estrutural, repetido ano após ano, sem ações efetivas de prevenção e responsabilização”, apontando o dedo à AAUalg. “Falhou na prevenção. Sexismo, misoginia e todas as formas de violência simbólica não podem continuar a ser normalizadas nos espaços académicos”, refere Mariana Fernandes, uma das fundadoras do núcleo.
Uma das denúncias partiu do candidato a deputado pelo PSD, Cristóvão Norte, que publicou as fotografias nas redes sociais. “A linguagem de caserna é de mau gosto, mas sobretudo o desafio despudorado à exibição do corpo em troca de álcool é muito triste e revoltante. Não é o ato: é o que ele revela”, criticou.