Trabalhos da nova ligação do metro em bom ritmo no subsolodo Porto. Seguem-se os trilhos entre o Santo António e a Galiza.
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Imagine-se no centro do Porto, e que está no edifício da Reitoria ou no Café Piolho, situado mesmo ali ao lado. Sabe que, por baixo, a vários metros de profundidade, estão dezenas de operários a trabalhar com afinco para levar por diante a Linha Rosa do metro, que vai ligar a Praça da Liberdade à Casa da Música, e que os primeiros carris já estão instalados, ao longo de 650 metros?
Os estaleiros, à superfície, dão um indício disto mesmo, mas só mesmo no subsolo, como foi dado a mostrar ao JN, é que se fica com a precisa ideia do que se passa nos subterrâneos: opera-se nas várias frentes da futura estação da Praça da Liberdade, os túneis estão abertos e procede-se à colocação dos trilhos. O primeiro troço segue a bom ritmo, com carris dos Loios até à Reitoria, e o mesmo acontecerá a curto prazo a partir do cais da estação do Hospital de Santo António em direção à Praça da Galiza.
Quanto a prazos, o que estava delineado era terminar a empreitada no próximo mês de julho, mas tal não deverá ser possível e o objetivo passa, agora, por envidar esforços para concluir a obra até ao fim deste ano. Inês Coelho, engenheira civil da Metro do Porto, já imagina os veículos a circularem, repletos de passageiros: "Sem dúvida, esta será uma linha que, com toda a certeza, terá imensa procura. Recordo que, enquanto estudante, quando queria ir às faculdades de Letras e de Arquitetura, era difícil. O próprio hospital vai ficar com uma estação mesmo à porta! Acredito que esta linha será uma mais-valia para a cidade"
Ponto da situação
Cumprimentando tudo e todos, à medida que caminha pelos túneis, por entre os labirintos de plataformas e escadarias provisórias, a engenheira faz o ponto da situação, a partir dos Loios, que hoje ainda é uma cratera: "Este vai ser um dos futuros acessos à Praça da Liberdade. Neste momento, estão em curso as estruturas internas para a estação, estamos também a instalar os carris, tendo já 650 metros aplicados. Brevemente vamos começar a instalação no troço entre a estação do hospital [Santo António] e a estação da Galiza". No total, a Linha Rosa, "englobando os ramais de injeção, tem uma extensão de 12 quilómetros", pelo que os mais de 600 metros de carris marcam o início desta fase.
"A verdade é que nesta linha do metro a escavação foi sempre a operação mais complicada, sobretudo numa obra deste género, num meio urbano tão intenso. Mas, acabando a escavação dos túneis [ainda decorrem trabalhos por baixo da Rotunda da Boavista], conseguiremos eliminar um fator de imprevisibilidade que será importantíssimo para atingir os objetivos. O primeiro troço dos carris está quase a meio, em breve começaremos no próximo", diz Inês Coelho. E dá outra achega: "A instalação dos trilhos não é uma atividade dependente, é independente, ou seja, não precisamos de esperar pelo fim do primeiro troço, em túnel, para começar o outro, até à Galiza".
Obra "muito complexa"
Os materiais existem e não serão um óbice, ao contrário do que aconteceu noutras alturas. Os carris representam um marco significativo da empreitada. "Claro que sim. É extremamente gratificante pensar no ponto a que chegamos, tem sido uma obra complicada, muito complexa, mas ao mesmo tempo é gratificante pertencer a um projeto desta magnitude e pensar naquilo que já atingimos", comenta Inês Coelho, ciente de todos os detalhes que importa cuidar numa empreitada desta magnitude.
A estação da Praça da Liberdade assumirá um papel preponderante no funcionamento da rede, com várias entradas e saídas. "O Largo dos Loios será um dos acessos, haverá outros na Rua da Madeira e na Praça da Liberdade [do lado oposto ao Banco de Portugal], além da ligação pedonal inferior que permitirá ligar a Estação de S. Bento a esta nova estação", revela.
A passagem pedonal subterrânea recupera as antigas galerias, prévias à entrada em funcionamento do metro, no caso, da Linha Amarela (também com estação em S. Bento), que liga as cidades de Gaia e do Porto.
Prazo de conclusão da obra será estendido
Em entrevista ao JN, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, já havia aflorado o tema: será preciso mais tempo para terminar a obra da Linha Rosa, que percorrerá o subsolo do Porto entre S. Bento e a Casa da Música. Inês Coelho, engenheira civil da empresa que acompanhou o JN numa visita aos trabalhos de construção, reitera e detalha a informação. "Contratualmente, a data que temos neste momento é julho de 2025, no entanto temos consciência que será difícil concluir nesse prazo, portanto estamos já a trabalhar no planeamento com o nosso empreiteiro, até porque temos uma escavação em túnel que estamos a terminar e ainda é um ponto de interrogação, já que o solo do Porto nem sempre nos permite avançar à velocidade que queremos. Apesar de tudo, estamos a trabalhar 24 horas nas várias estações, e seguimos em velocidade de cruzeiro", explica Inês Coelho.