O presidente da Câmara de Lisboa condenou, esta quarta-feira, os tumultos que ocorreram durante a madrugada na freguesia de Benfica ao prometer "tolerância zero" a qualquer ato de violência. Carlos Moedas apelou à serenidade, insistindo que a solução passa por reforçar o policiamento em toda a cidade.
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A freguesia de Benfica voltou a ser palco de tumultos na madrugada desta quarta-feira, com mais de uma dezena de carros incendiados. O autarca lisboeta reiterou que há "tolerância zero" a qualquer ato de violência, apelando a que se acalmem os ânimos.
"Apelo realmente à serenidade, à calma, e àquilo que nós, lisboetas, somos: uma cidade da diversidade, aberta e uma cidade da tolerância que sempre fomos", afirmou Carlos Moedas, aos jornalistas, à margem de uma sessão de apresentação dos novos pontos de encontro em caso de emergência ou catástrofe na capital, que decorreu esta amanhã nos Paços do Conselho, em Lisboa.
Esta foi a segunda madrugada de tumultos em Benfica, tendo a PSP detido um suspeito. "Penso que o criminoso foi apanhado em flagrante delito. Estamos a falar de um crime contra bens públicos", comentou Moedas, que mostrou solidariedade com todos os moradores afetados.
O autarca social-democrata voltou a defender um reforço do policiamento na capital, algo que tem "vindo a pedir aos vários ministros da Administração Interna". "Lisboa, em 2010, tinha oito mil agentes. Hoje, tem 6700. Ou seja, uma cidade completamente diferente à de 2010 tem menos Polícia. Não pode ser", insistiu.
Moedas reiterou ainda que a Polícia Municipal tem de reforçar as suas competências. Recorde-se, aliás, que, desde o mês passado, o autarca lisboeta tem vindo a defender uma clarificação da lei para que as detenções feitas pela Polícia Municipal deixem de estar dependentes da PSP.
Já na noite de sábado para domingo passado, foram igualmente queimados 11 veículos e três motociclos, num caso que obrigou a um reforço do policiamento na zona. Foram também retirados moradores das habitações naquela freguesia lisboeta. Desde a semana passada que têm sido registados vários desacatos na Grande Lisboa, na sequência da morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP no bairro da Cova da Moura, na Amadora, na madrugada de dia 21 de outubro.
Suspensas licenças de alojamento local "enquanto não houver regulamento"
Questionado sobre a suspensão de novas licenças de alojamento local propostas, na segunda-feira, pela vereação do PS, Moedas garantiu que não serão emitidas novas autorizações "enquanto não houver o regulamento". Recorde-se que o decreto-lei do Governo, que entra em vigor na sexta-feira, permite aos municípios que adotem um regulamento administrativo próprio sobre os procedimentos e os meios de atuação da atividade.
"Tenho consciência do problema, que não se verifica em todas as freguesias, mas, obviamente, a minha posição é clara. Neste momento, sem o regulamento, não podemos ter mais alojamento local em Lisboa", afirmou.
O autarca lisboeta voltou a comprometer-se em passar das atuais 1200 vagas em centros de acolhimento na capital para pessoas em situação de sem-abrigo na capital para dois mil, embora sem apontar prazos.