Lista A quer Casa do Douro outra vez forte para defender interesses dos viticultores
A lista A candidata às eleições da Casa do Douro quer devolver a instituição aos pequenos e médios viticultores e defende um preço justo para as uvas, o uso de aguardente produzida na região e apoios nacionais e europeus para manter as pessoas na atividade. E lança um forte apelo para que os agricultores votem.
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As eleições para a direção e para o conselho geral da Casa do Douro estão marcadas para dia 21 de dezembro e há duas listas concorrentes. A lista A liderada por Manuela Alves e a lista B encabeçada por Rui Paredes. É o primeiro sufrágio desde que foi reinstitucionalizada como associação pública de inscrição obrigatória.
Manuela Alves surgiu, este domingo, como cabeça de lista, uma vez que o anterior candidato da lista A à presidência da Casa do Douro, Sérgio Soares, abdicou. A ligação à distribuição poderia levantar questões legais, uma vez que a empresa que dirige dedica-se à produção e à distribuição de vinhos. Por isso tomou a decisão de sair desta lista para a proteger.
A apresentação das 13 medidas do manifesto eleitoral e de candidatos realizou-se, este domingo, no Museu do Douro, na Régua. O documento começa pelo compromisso de lutar para que se possa “garantir o rendimento dos pequenos e médios viticultores, através do pagamento justo das uvas”.
Entre os objetivos da lista A destaca-se também o de “pugnar, junto do Governo e da União Europeia, pela regulação da produção e do mercado do vinho”, bem como o de que as taxas pagas pelos viticultores ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) sejam utilizadas para a “promoção e valorização das uvas e dos vinhos”.
Outros compromissos passam pela “progressiva utilização de aguardente proveniente da região para a fortificação dos vinhos”, a “inventariação e avaliação da situação patrimonial da Casa do Douro, com a entrega do património remanescente da liquidação das dívidas”, o “planeamento do setor, com contratos entre compradores e produtores de uva, salvaguardando os interesses dos pequenos e médios produtores”, e “defender a retoma dos poderes históricos da Casa do Douro, designadamente os da gestão do cadastro, da indicação do quantitativo global do benefício, da regulação dos preços e da situação no mercado”.
Eleições marcadas para o dia 21 de dezembro
Os 19 mil viticultores vão ser chamados a 21 de dezembro para votarem em 74 assembleias de voto distribuídas por 17 círculos eleitorais. Manuela Alves salientou, este domingo, ao JN, que vai ser “um dia histórico” porque “os problemas de hoje são os mesmos de 1932 quando a Casa do Douro foi criada”.
Agora, vai ser necessário tornar a instituição “outra vez forte para que defenda os interesses dos viticultores”. A candidata rejeita um “discurso miserabilista” e vinca que “tem de ser respeitado e compensado o trabalho de quem produz uvas”, de modo que se possa “manter as pessoas na atividade” e “inverter a tendência de despovoamento da região”.
Manuela Alves notou que “a região tem vindo a empobrecer ano após ano” e “há um desequilíbrio no mercado entre a produção e o comércio que é preciso inverter”.
O trabalho principal neste momento é a divulgação do manifesto da lista A e sensibilizar os viticultores para a necessidade de irem votar no dia 21. “Muitos não sabem que vai haver eleições e vamos ter de utilizar todos os meios para que tenham uma grande adesão”. É que, segundo Manuela Alves, “é muito diferente ganhar com mil votos ou ganhar com 10 mil ou 15 mil”. Objetivamente, uma forte votação será “um sinal muito claro para o exterior de que os viticultores estão empenhados nesta causa”, numa “mudança que urge fazer na Região Demarcada do Douro”.
Os estatutos da Casa do Douro foram alterados para associação privada de inscrição facultativa em 2014, durante o Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho. Em 2020, foi reinstitucionalizada como associação pública de inscrição obrigatória. Depois de ultrapassados problemas constitucionais, em 2023 o processo foi definitivamente aprovado pela Assembleia da República. As eleições estão agora marcadas para 21 de dezembro, entre as 09 e as 17 horas.
A lista A apresenta como candidatos à direção Manuela Alves, Rui Tadeu e Pedro Correia e tem candidatos ao Conselho Regional de Viticultores em Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Mesão Frio, Murça, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Tabuaço, Torre de Moncorvo, Vila Flor e Vila Real.