A Livraria Poetria reabriu portas a escassos metros da antiga loja, no número 115 da Rua de Sá de Noronha, em espaço cedido pela Câmara Municipal do Porto.
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Quatro meses depois de a Poetria ter visto uma luz ao fundo do túnel para ultrapassar a ameaça de despejo das Galerias Lumière, com a cedência temporária de um espaço por parte da Câmara do Porto, eis que a livraria, reconhecida pelo seu projeto cultural, volta a abrir portas. Com a mais-valia de estar a escassos metros da antiga loja, no n.º 115 da Rua de Sá de Noronha.
O olhar de Francisco Reis, entretido a tentar arranjar mais espaço para os livros, não esconde a felicidade. O estabelecimento ainda não tem sinalética, nem horário afixado na porta, e a (re)inauguração "só está prevista para maio", aquando do aniversário da livraria. Mas nas prateleiras, apinhadas de livros de poesia, nota-se que o coração da Poetria voltou a bombar.
"É fantástico voltar a abrir, mas há que dizer que sem a Autarquia isto não seria viável. Desde o primeiro momento que a Câmara do Porto mostrou-se sensível à nossa situação, e esta é uma oportunidade única", confessou Francisco, a quem não faltam ideias para o futuro. Como relançar a Fresca, que "mais do que uma editora de poesia - já com 14 livros publicados - é uma plataforma para um grupo mais jovem de autores em ascensão".
Mas há outros projetos já em ebulição, como "a colaboração da Poetria com artistas plásticos que farão as capas dos livros". Ou um "percurso literário na cidade", que terá a livraria como ponto de partida.
Depois, aproveitando o facto do novo espaço ter um mezanino, Francisco tem também já pensado que ali passem a acontecer "conversas, debates e apresentações de livros" e até "a realização de podcasts".
"Estamos confiantes que vêm aí bons momentos", antecipa Francisco, contando que quando anunciou a reabertura da livraria nas redes sociais teve, "logo na primeira hora, mais de 500 "likes"".
"Foi muito duro"
Para trás, o livreiro quer deixar o que viveu nos dois últimos anos, quando a Poetria ainda estava instalada nas Galerias Lumière e foi surpreendido com a vontade do novo proprietário esvaziar as lojas. "Foi muito duro, sugou-nos muita energia e quando demos por ela já não tínhamos foco", desabafou.
"Mal surgiu a oportunidade do novo espaço, percebemos [juntamente com Nuno Pereira, o dono da livraria] que já não valia a pena continuar a lutar pela permanência nas Galerias", sublinhou.
A livraria acabou por chegar a acordo para sair (o que acontecerá no final de março, mantendo a loja fechada), mesmo não tendo sido "devidamente indemnizados".