Os moradores do bairro social da Emboladoura acusam o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) de não cuidar do património que detém naquele complexo em Gondar, Guimarães.
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Além de existirem mais de 20 apartamentos que acumulam dejetos de animais e pombas mortas, as duas lojas abandonadas servem de salas de chuto, paredes meias com o local onde as crianças estudam.
O cenário nas duas lojas abandonadas, agora transformadas em locais de consumo de droga, impressiona. O vidro das montras foi partido e o interior alberga centenas de pontas de charros, garrafas partidas e, asseguram os moradores, os vestígios de consumo de droga são ainda piores nas divisões mais escondidas. No meio dos dois estabelecimentos devolutos funciona o polo da cooperativa municipal Fraterna, onde as crianças e adolescentes têm atividades extracurriculares e estudam.
A cinco metros das "salas de chuto", dezenas de crianças brincam no parque infantil daquele degradado aglomerado de apartamentos onde moram quase mil pessoas. O IHRU sabe-o, mas atribui responsabilidades aos "recorrentes atos de vandalismo, em especial dos vidros das montras", assegurando que procedeu "por diversas vezes à sua reposição, a última das quais no ano de 2018".
Elizabete Dourado, presidente da associação de moradores, denuncia que as lojas e mais de 20 apartamentos do IHRU "estão num estado lamentável". É que o instituto é proprietário de quase 200 apartamentos do bairro e pelo menos duas dezenas, que estão desabitados, acumulam sinais da praga de pombas. Há largos centímetros de altura em dejetos, ninhos e cadáveres de aves nas varandas e, quando chove, "a água acumula e é um cheiro horrível", revela.
O IHRU admite que "poderá existir um problema de saúde pública com a atividade de pombos" que se "manifesta de forma mais recorrente nas varandas de alguns fogos do IHRU, por se encontrarem vagos". Refere, contudo, que "a situação está identificada e monitorizada", pois tem assegurado "operações regulares de limpeza".
Ajuda a famílias carenciadas
Paralelamente, todos aguardam pelo início das obras que podem devolver a dignidade ao bairro. A Câmara, ainda que sem responsabilidade na matéria, já disse que vai ajudar os moradores carenciados a custearem as obras. Atualmente decorre o inquérito para se perceber que famílias vão precisar de ajuda. A degradação "preocupa imenso", afirmou já Domingos Bragança, presidente da Câmara.
"Há casas do IHRU com janelas e portas abertas. Temos recebido muitas queixas de moradores por causa de cheiros", disse.