Centenas de gaivotas invadiram os dois aterros sanitários do Vale do Sousa, em Lustosa, Lousada, e em Rio Mau, Penafiel. A presença das aves levanta preocupações à população, mas a Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos, que os gere, garante que "além do incómodo, não há indícios de que provoquem riscos para a saúde pública".
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O ambientalista Nuno Gomes Oliveira diz que não é bem assim. Mas para mitigar o problema, foi contratada uma empresa de falcoaria.
O presidente do Conselho de Administração da Ambisousa avança que as tempestades no final do ano passado e as ações desenvolvidas pelo Conselho Metropolitano do Porto, no âmbito do plano para controlo de gaivotas em cinco municípios, "terão contribuído para o avanço das gaivotas para o Interior".
Em Lustosa, a presença de gaivotas não é nova, assume a Ambisousa, que já tem recorrido a falcões para atenuar a situação. A empresa contratada tem usado, também, "meios sonoros de espantamento", adianta Antonino de Sousa, negando problemas de saúde pública.
Mas em Rio Mau, o aterro "nunca tinha sofrido com as gaivotas em número significativo, pelo menos, até finais de novembro de 2019, quando surgiu um bando de cerca de 50 aves", descreve aquele responsável.
Porém, as populações sentem-se inseguras, explicam os presidentes de junta de Lustosa e de Rio Mau. "A população está preocupada com o aterro e as gaivotas em Lustosa. São centenas e quando estão a descarregar os camiões parecem moscas a atacar os resíduos", relata Armando Silva.
"Antes vinham apenas algumas, agora são dezenas. As pessoas preocupam-se com as questões de saúde. Mas desde que começou a intervenção da Ambisousa já têm diminuído", assume Manuel Soares, autarca de Rio Mau.
Aves "urbanizadas"
Ao JN, Nuno Gomes Oliveira, ambientalista e fundador do Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS), uma organização não governamental, explica que, nas últimas décadas, as gaivotas, nomeadamente as de patas amarelas, "urbanizaram-se" e começaram a frequentar as cidades pela disponibilidade de alimento e abrigo. Isso conduziu a um aumento da população. "São espécies oportunistas e começaram também a nidificar aqui na região", refere o doutorado em Biologia.
"As fezes de gaivotas são um caldo de bactérias e vírus. É um problema de saúde pública e é uma necessidade absoluta controlar a população de gaivotas", garante. Isso só será conseguido com a diminuição das fontes de alimentação. Espantar com falcões não é solução permanente é "um remedeio", diz.
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Um problema, não uma praga
Apesar de as lixeiras terem sido substituídas por aterros sanitários, estes continuam a ser locais de alimentação para as gaivotas. "Nos aterros sanitários que funcionam segundo as regras, o lixo é descarregado e coberto logo com terra para evitar odores. Em todo o litoral norte tem havido um aumento da população. Não são uma praga, mas são um problema", reconhece Nuno Gomes Oliveira.
Viagem para o Interior
O dirigente da FAPAS não estranha que as gaivotas estejam a ir para o Interior do país. "Onde houver alimentação elas vão", garante Nuno Gomes Oliveira.
Custo
A empresa de falcoaria contratada para o controlo de gaivotas nos aterros terá um custo de 19 mil euros mais IVA. O serviço é para um mês, mas pode ser prolongado até três.
Guerra às gaivotas
O Conselho Metropolitano do Porto aprovou, no final do ano passado, um protocolo de cooperação e comparticipação financeira com os municípios de Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia para a elaboração de um plano de ação para controlo das gaivotas.