Com um "warm up" no Cine-Teatro de Amarante na sexta-feira, dia 23 de maio, que juntou o Expresso Transatlântico aos DJ sets de Philippe Cohen Solal (Gotan Project) e Cal Jader B2B Ritmos Cholulteka, o Festival MIMO 2025 prepara-se para invadir a cidade de 18 a 20 de julho.
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O festival conta com mais de 60 atividades e artistas de 13 países. O JN falou com Lú Araújo, diretora artística e curadora do festival, que partilhou a visão, os desafios e a alma deste festival gratuito que há dez anos faz de Amarante um palco global.
Como vê o MIMO hoje?
Vejo o festival em sintonia com o momento atual. Cresceu muito e internacionalizou-se, passando do Brasil para Portugal, especificamente para Amarante, uma cidade que acolheu muito bem o festival. É um privilégio oferecer gratuitamente artistas de renome mundial numa cidade pequena do Norte de Portugal.
O que distingue o MIMO de outros festivais?
É gratuito, tem uma curadoria cuidadosa, promove uma mistura de géneros e nacionalidades e mantém uma identidade própria. Mantemos a coerência com a proposta inicial: ocupar espaços de património histórico e oferecer música de qualidade.
Como equilibram crescimento com intimismo?
Há planeamento estratégico. O festival continua a ter uma dimensão humana e acessível, com uma programação ajustada ao tamanho e orçamento disponível. Apostamos numa diversidade sonora em vez de nomes milionários.
E quanto à curadoria musical?
É meticulosa e desafiante. Procuramos nomes emergentes e tendências, mas também artistas consagrados. A ousadia é juntar géneros diferentes e fugir do óbvio. A programação do MIMO é sempre singular.
Há uma dimensão política no festival?
Não fazemos discursos políticos, mas a programação reflete realidades culturais importantes, como a Palestina. Trazer artistas desses contextos é uma forma de mostrar a sua relevância cultural e promover um olhar mais atento e respeitoso.
O que trazem as atividades paralelas como oficinas e o MIMO Bem-Estar?
Permitem conhecer os artistas para além do palco. Os workshops e as práticas de bem-estar são experiências transformadoras e fazem parte da missão do MIMO de formar públicos mais críticos e conectados com a arte.
Qual é a grande aposta do MIMO 2025?
A multiculturalidade. Nomes como Aja Monet, José James, Chief Adjuah, Sona Jobarteh ou Momi Maiga prometem marcar o festival. Mais do que destacar um artista, é o conjunto da programação que se impõe como experiência única.
Como o MIMO fortalece os laços Portugal-Brasil?
Trazemos grandes e novos nomes brasileiros a Portugal e levamos música portuguesa contemporânea ao Brasil. Há um intercâmbio cultural verdadeiro e contínuo. O MIMO dá visibilidade a artistas que, noutros contextos, não teriam o destaque merecido.
Porquê Amarante?
É uma cidade simples, acolhedora, rica em património e cultura. A escolha de Amarante foi intuitiva e estratégica. Tem uma energia especial que combina com o espírito do MIMO: um festival experiente, mas nunca arrogante.
Há garantias de continuidade em Amarante?
A nova gestão municipal ainda está a avaliar. Não há decisão final, mas o desejo de continuar existe. Se esta for a última edição, será memorável. Se for o início de um novo ciclo, também será bem-vindo.
Mensagem final ao público?
Venham. O MIMO é inclusivo, gratuito, multigénero, com excelente infraestrutura. Há espaço para todos os gostos musicais. A cidade transforma-se num palco vivo. Quem ainda não conhece, não deve adiar. Esta edição pode ser única.