Delegação do Porto garante apoio a crianças, idosos, doentes, imigrantes e toxicodependentes. Instituição procura cativar empresas para alargar ajuda.
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Cada vez há mais pessoas apoiadas pela delegação do Porto da Cruz Vermelha. Crianças, idosos, imigrantes, doentes crónicos e toxicodependentes são ajudados pela instituição, num trabalho que passa por várias áreas, da assistência médica à distribuição de comida e roupa. A ambição é incrementar os apoios, através da Red"Amiga.
"Atualmente, há cinco mil pessoas a viver melhor graças à Cruz Vermelha", diz Luís Vasconcelos, presidente, que nestes primeiros seis meses na liderança teve como prioridade aplicar rigor financeiro e melhorar o organograma estrutural. São medidas pouco visíveis, mas que podem melhorar as condições dos serviços prestados.
A instituição pretende alargar a assistência à população. Nesse contexto, a Red"Amiga é uma ferramenta para captar apoios, de modo a revertê-los para quem mais precisa e que, aliada ao nome da Cruz Vermelha, poderá mudar o panorama da delegação do Porto, que comemorou 128 anos. O grande objetivo desta iniciativa é envolver empresas e particulares na missão humanitária, contribuindo para a educação de crianças, o apoio a famílias, a inclusão de idosos e a resposta a emergências.
"Desde que assumi a presidência que nunca ouvi um "não" quando o tema é a Cruz Vermelha. Neste momento, temos uns 90 amigos inseridos neste programa, mas o grande objetivo é conseguir chegar aos mil no meu mandato", revelou Luís Vasconcelos.
Na verdade, há duas missões muito claras que explicam bem o que é a instituição: "Primeiro, salvar vidas, segundo, proporcionar vidas melhores".
Voluntários fulcrais
A primeira missão é realizada através de medidas como a formação em socorrismo ou o transporte de pessoas para os hospitais, num protocolo com o INEM. Só no ano passado, os veículos da Cruz Vermelha percorreram mais de 45 mil quilómetros em saídas indicadas pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes.
"Saímos cerca de mais de quatro mil vezes por ano, sendo necessário destacar o papel importantíssimo dos voluntários", salientou Luís Vasconcelos. Dos 170 elementos da delegação do Porto da Cruz Vermelha, a maioria são voluntários (cem).
Já relativamente à segunda missão, há várias vertentes na ajuda à população, nas quais se incluem um centro social infantil, em Valbom, Gondomar, que procura oferecer às crianças melhores condições, e centros sociais para idosos, onde os mais velhos "são puxados novamente para a vida em sociedade, de modo a travar o declínio físico e mental".
Em jeito de conclusão, Vasconcelos garante que esta instituição solidária "não julga, ajuda, sendo a sua missão ajudar as vítimas, que podem ser vítimas delas próprias ou de outra coisa qualquer".
Imigrantes e sala de consumo assistido
A delegação do Porto da Cruz Vermelha tenta distribuir a ajuda por todos e chegar ao maior número de pessoas possível. Além de ser decisiva para melhorar a vida de crianças e idosos, há mais gente que tem nesta instituição solidária a única forma de apoio.
A ajuda prestada aos toxicodependentes foi uma das atividades desenvolvidas que surpreendeu o recém-chegado presidente Luís Vasconcelos. A Cruz Vermelha está responsável por uma sala de consumo assistido de droga, onde passam anualmente "cerca de mil pessoas".
"Recebemos verdadeiros farrapos humanos. Pessoas que são rejeitadas por tudo e por todos, pela sociedade, pelos amigos, pela família e o único sítio onde são acolhidas com alguma dignidade é ali", salienta.
Além disso, proporciona ajuda na habitação a imigrantes através de apartamentos partilhados, onde podem estar até seis meses.
Detalhes
Voluntariado
No ano transato, os cem voluntários da Cruz Vermelha contribuíram para a causa com 4091 horas de trabalho. Cumpriram-se também 2988 serviços de transporte adaptado, sendo que a delegação do Porto foi a única a prestar este serviço em Portugal.
Socorrismo
No que toca à Escola de Socorrismo, foram dadas 1869 horas de formação, tornando-se a delegação com maior impacto no país neste capítulo. Além disso, houve 192 cursos ministrados a 1545 formandos só em 2024.