Helena Silveira tem paralisia cerebral e venceu limitações para se tornar funcionária em Santo Tirso. A sua história é um exemplo de superação.
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Dois verbos definem o jovem percurso de Helena Silveira: sonhar, o que faz todos os dias, e desistir, que jamais conjuga. Com uma paralisia cerebral ditada por uma meningite que a atacou aos oito meses de vida, deixando-lhe o corpo preso a uma cadeira de rodas, sonhou um dia em trabalhar na Biblioteca Municipal de Santo Tirso, que frequentava desde criança.
Nunca desistiu do sonho e, hoje, dá apoio aos utentes da sala multimédia. Iniciou funções em 2015, graças a um Contrato Emprego-Inserção, do Instituto do Emprego, e em 2018 passou a integrar os quadros da Câmara. "Sou feliz aqui, mas este percurso não foi fácil", reconhece esta tirsense de 31 anos, lembrando que começou por tirar o curso profissional de técnico de turismo, a que se seguiu um estágio na biblioteca.
"Sinto-me feliz por fazer algo, não só pelo município e pelos munícipes, mas pela sociedade", confessa a funcionária, que conta que tem superado várias dificuldades.
"Todos os dias ultrapasso barreiras. Apesar das limitações, temos de acreditar em nós próprios. Se não acreditarmos, quem vai acreditar? Não é por estarmos aqui sentados [na cadeira de rodas] que somos impotentes. Para estar a trabalhar na biblioteca tive de lutar, de batalhar. E tenho de cumprir o meu trabalho como os outros", afirma Helena Silveira, que também se dedica à escrita.
"A poesia surgiu quando tinha 16 anos. Estava nas aulas de Português, vinham-me palavras à cabeça e começava a fazer rimas", recorda a jovem, que já editou dois livros de poemas e prepara-se para lançar um romance.
No ano passado, Helena decidiu estrear-se nas palestras motivacionais em escolas, onde dá a conhecer o seu percurso de vida. "Sonho alto, e quero lá chegar. Para além de andar, o meu maior sonho era ser jogadora de futebol profissional", revela.
Tem um lema de vida: "nunca desistir de vencer". Foi assim que fintou o prognóstico negro dos médicos, que "diziam que ia ficar em estado vegetativo". Faz fisioterapia todos os dias, desde 1996. "Não falava e não mexia uma mão e, hoje, faço tudo sozinha", orgulha-se a assistente técnica, que conta com o apoio da diretora da biblioteca, Elsa Mota.
"Fui acarinhada desde que cá cheguei, e tenho orgulho em fazer parte desta equipa".