A fachada da Junta de Freguesia de S. Victor, no centro de Braga, ainda não se despediu das iluminações de Natal, porque o brilho que emanam foi, nos últimos três meses, mais relevante do que nunca.
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Os enfeites serviram para aliviar a escuridão daquela rua, enquanto a EDP Distribuição não substituiu as luminárias LED, que deixaram de funcionar no final de outubro. A empresa acabou por solucionar o problema, ontem à tarde, depois do contacto do JN.
"Normalmente, por esta altura, já teríamos desligado as iluminações de Natal, mas, em jeito de protesto simbólico, a Junta decidiu manter as iluminações natalícias. E, apesar da EDP ter resolvido o problema na Rua de S. Victor, vamos manter as luzes de Natal ligadas, enquanto diversas entidades não arranjarem as luminárias fundidas noutras zonas da freguesia", adiantou o autarca Ricardo Silva, sublinhando que a inércia no arranjo de iluminação pública levou, nos últimos três meses, a um sentimento de insegurança e onda de assaltos numa das principais artérias da freguesia.
"Os fiéis chegaram a pedir para ligar ao presidente da Junta, porque tinham receio de cair, por causa do piso irregular, ou até de serem atropelados. A estrada é muito movimentada e estava às escuras", conta o padre José Carlos, que, antes do confinamento, era responsável pelas missas diárias, que começavam às 18.30 horas e terminavam pelas 19 horas.
O problema afetou a população, mas também os comerciantes que passaram a ter que lidar com os amigos do alheio. "Há um mês fomos assaltados. A rua é muito escura, as pessoas estão confinadas, basta meter uma carrinha à frente das lojas e têm tempo para tudo. Os comerciantes já foram quase todos visitados", lamenta Paulo Vilas Boas, proprietário de um talho, acrescentando que os projetores de iluminação das lojas minimizaram o problema da escuridão.
Ao presidente da Junta, trabalhadores subcontratados pela EDP chegaram a admitir que "não havia luminárias LED para substituição", mas a empresa rejeita esse argumento. "A demora na resolução destes incidentes está relacionada com a complexidade das avarias detetadas em cabos subterrâneos e não com a dificuldade na aquisição de luminárias LED", explicaram os responsáveis, prometendo "o restabelecimento da iluminação pública no maior número possível de situações, com a maior brevidade possível".
Mais freguesias com problemas de iluminação pública
O presidente da União de Freguesias de Real, Dume e Semelhe, Francisco Silva, foi um dos primeiros a denunciar atrasos na substituição de luminárias a cargo da EDP, numa assembleia municipal, no ano passado. Diz que há casos que já foram resolvidos, mas surgiram novos. "Na variante de Real ainda não repararam uma avaria com cerca de um mês", exemplifica.
O presidente da Câmara, Ricardo Rio, reconhece que os atrasos atingem outras zonas do concelho. "São várias situações de falhas e várias solicitações feitas à EDP, mas não há respostas", afirma o autarca.