Há muito peixe no mar, mas em Matosinhos o preço tem estado abaixo do ano passado. Valores devem subir para a noitada.
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"É macaquinha, mas é boa!", atira Elisabete Postiga, sorrindo. Ali, no porto de Matosinhos, chamam assim à sardinha que é grande para petinga, mas pequena para ser a "gordinha a pingar no pão" que se quer para as brasas no São João. Ontem de manhã, na lota, um quilo custava 53 cêntimos, no mercado quatro euros, no prato, por 12,5 euros, comia-se dez. No fim de semana passado, no Senhor de Matosinhos, foi vendida a um euro cada. No São João, o preço não deve andar longe, mas é quase toda vinda de Peniche, que a norte "só há peixe curto e vendido a cêntimos".
"Está mau para o pescador... Na semana passada trabalhámos cinco dias para levar para casa 70 euros", lamenta Fernando Caetano. Tem 56 anos, 43 de mar e, por estes dias, anda a bordo do "Mar Branco" na pesca da sardinha. Não tem memória de ano tão fraco. A safra começou a 2 de maio, o junho já vai a meio, o São João está à porta e a sardinha continua "miudinha". Resta-lhes "vender para a conserva". O "Mar Branco" tem vendido à Ramirez. Os preços andam entre os 50 e os 70 cêntimos por quilo. Não chega para pagar as despesas e alimentar os 14 pescadores que trabalham no barco.