O presidente da Câmara Municipal de Tavira disse, ontem, sábado, ao JN ter forte suspeita que o incêndio que consumiu cerca de mil hectares na serra do Caldeirão teve origem criminosa. Do total da área ardida, cerca de 90% é mato.
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O incêndio que deflagrou, anteontem, cerca das 15 horas, no concelho de S. Brás de Alportel, e que depois alastrou ao município vizinho de Tavira, foi dado como circunscrito pouco depois das 3.30 horas da madrugada de ontem e entrou em fase de rescaldo por volta das oito da manhã, segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC).
"Obviamente, não vejo outra hipótese", foi a resposta de Macário Correia ao JN, quando questionado sobre a suspeita de mãos criminosas na origem das chamas, justificando com o facto das mesmas terem "começado num barranco". Uma suspeita que era, ontem, partilhada por muitos populares, que observavam a área ardida.
A noite e princípio da madrugada foram de muito trabalho para quem esteve no terreno. Ao todo, cerca de 300 operacionais, incluindo bombeiros, elementos do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro da GNR, dos Sapadores Florestais e do Grupo de Análise e Uso do Fogo, apoiados por 91 viaturas e aviões "Canadair". O vento demorou a amainar, originando violentos reacendimentos.
Uma das três frentes activas do incêndio chegou a atingir os seis quilómetros e consumiu mato, pinhal, olival e sobreiral, mas não colocou casas em perigo.
"Não houve ninguém ferido, nem nenhuma habitação foi destruída, apenas um armazém agrícola e alguns anexos foram afectados", adiantou o comandante Richard Marques.
Macário Correia explicou ao JN que, apesar de terem ardido algumas áreas de cultura importantes para a economia regional, como alfarrobeiras e sobreiros, cerca de 90 % da área florestal destruída corresponde a mato. Apenas uma divisão de uma residência foi atingido pelas chamas.
O autarca recordou o grande incêndio registado há cinco anos na serra do Caldeirão, destacando que, então, os prejuízos foram maiores. "Este ano ardeu uma área maior, mas há cinco anos, a nível de casas ardidas, houve prejuízos mais elevados", referiu.
A meio da tarde de ontem, a situação voltou à normalidade, apesar de ao longo do dia terem permanecido no terreno 349 operacionais com 106 viaturas, que, de acordo com Richard Marques, em Faro, mantiveram um plano de "vigilância activa" seguindo depois um "plano de desmobilização gradual" até se retirarem do local.