Armanda Costa, 55 anos, que sofre de uma depressão incapacitante, e a filha Sara Reis, de 24 anos, com défice intelectual, estão em risco de ficar sem teto. Receberam ordem judicial de despejo da casa onde residem na Venteira, Amadora, e não têm alternativa.
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Sara sonha com uma casa junto ao mar, onde possa passear com a mãe, que sofre de uma depressão incapacitante desde a morte do pai, há cinco anos, de quem era cuidadora informal desde 2005.
“Estamos desesperadas, a minha filha não dorme, chora e diz que a polícia vem para nos pôr na rua. Na Câmara Municipal da Amadora dizem-nos que não há casas, que estão ainda a atribuir habitações a casos que remontam a 1984 e não temos tido resposta positiva de lado algum”, diz Armanda, que desabafa sobre o desejo da filha: “Uma casa junto ao mar seria ótimo para os nossos estados mentais, tanto o meu como o dela”.
Sara tem um défice cognitivo diagnosticado aos seis anos e está completamente dependente da mãe, que recebe o Rendimento Social de Inserção Social. A jovem tem direito a Prestação Social de Inclusão. Somados, os apoios não chegam aos 600 euros. “Não conseguimos suportar qualquer renda no mercado, os preços são demasiado elevados para nós”, conta Armanda.
A ação de despejo da casa onde habitam arrasta-se há dois anos e o caso já está entregue a uma agente de execução. “O senhorio quer a casa para o seu filho, que também necessita. Morávamos aqui com os meus pais, mas com o falecimento do meu pai há cinco anos, fiquei com uma depressão severa e esta casa não faz bem à minha mente, para além de precisar de obras urgentes devido a problemas de humidade”, afirma a mulher de 55 anos.
O companheiro de Armanda foi contactado pela assistente social que acompanha o caso, mas, de acordo com a própria, “não se dispôs sequer a receber as coisas da filha porque não tem espaço onde mora". "A minha filha está muito apegada às coisas. A única solução que nos deram foi um centro de acolhimento onde só podíamos estar três meses e onde só podíamos levar um pequeno saco com roupa. Está fora de questão deixar os meus bens, e ainda mais os da menina”, afirma Armanda.
Sara Reis frequenta o psiquiatra no centro de saúde e Armanda diz que o estado psicológico da filha piora constantemente. “Todos os dias ela pergunta se é essa noite que vamos dormir na rua”, lamenta.
O JN entrou em contacto com a Câmara da Amadora no sentido de perceber que ofertas existem para esta família, mas não obteve resposta. “Vemos outras autarquias aqui perto a oferecer casas aos necessitados, mas na Amadora não há”, desabafa Armanda.