
Agressão ocorreu no interior da Secundária Morgado de Mateus
Foto: Secundária Morgado de Mateus
A mãe da menor de 15 anos que na semana passada foi agredida por duas alunas, de 16 e 17 anos, no interior da Escola Secundária Morgado De Mateus, em Vila Real, disse esta quinta ao JN que vai levar o caso "até às últimas consequências" no tribunal, na sequência da queixa que apresentou na PSP.
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As agressões ocorreram na quarta-feira, dia 30, cerca das 13.30 horas. A vítima foi confrontada pelas duas alunas num corredor da escola. No vídeo, feito por vários colegas, encostam-na à parede e confrontam-na se foi a autora de algo escrito nas casas de banho da Secundária. Depois, dão-lhe três bofetadas. A mãe diz ao JN que depois ainda "empurraram a cabeça contra a parede". A vítima "conseguiu fugir e uma funcionária fechou-a na casa de banho, evitando mais agressões".
As alunas foram suspensas preventivamente "logo na quarta-feira", dia da agressão, revelou esta quinta-feira ao JN o diretor do agrupamento, Ricardo Montes.
A encarregada de educação lamenta que a escola tenha permitido que as duas alunas, que frequentam um curso profissional de saúde, tenham sido autorizadas pela Secundária a iniciar um estágio no hospital de Vila Real. "Como é possível que duas pessoas que agridem uma colega na escola - e que depois publicitam essas agressões nas redes sociais para agravar a humilhação - podem estagiar num hospital? É surreal", desabafou ao JN.
Posição da Direção da escola
Ricardo Montes explica que a suspensão preventiva "visa evitar que as alunas se cruzem, precavendo situações de conflito na escola", não podendo legalmente impedir o estágio das agressoras fora da escola até que o procedimento disciplinar que está a desenrolar-se esteja concluído. "Quando houver uma decisão, que aponte, por exemplo, para dias de suspensão, as alunas estarão suspensas na escola e no estágio", assegura. O diretor acredita que - atendendo ao tempo de estágio e ao facto das aulas da agredida terminarem a 6 de junho - já não se irão cruzar na Secundária este ano letivo.
Ricardo Montes considera que a situação é "gravíssima", adiantando ao JN que, para além das agressoras, "que não tinham registo de ocorrências disciplinares", também os autores das filmagens serão punidos, havendo pelo menos dois alunos suspeitos.
A encarregada de educação não tem dúvidas que a situação foi premeditada. "Já a tinham ameaçado, mesmo nesse dia de manhã, e fizeram-no num local mais escondido, onde pudessem bater e filmar à vontade", lamenta, não perdoando. "Vão responder em tribunal por tudo aquilo que fizeram", promete.
A vítima, com a mãe, foi ouvida ainda na quarta-feira pela Direção da Escola. "Disseram que era inadmissível que iam tomar providências relativamente às agressoras, não sei quais, só sei que ontem começaram um estágio da escola no hospital, o que é inacreditável", considera.
Sofrimento
A mãe diz que a filha, aluna do 9.º ano, "está a sofrer, apesar de não querer dar parte fraca, e por isso não pensa sair da escola". "Se alguém tem que sair são elas, que a agrediram e humilharam, publicitando, elas e outros alunos, as agressões nas redes sociais. É isso que a deixa mais triste e que a levou a dizer-me que só não põe fim à vida por mim", revela.
Ainda segundo a mãe, os dias desde a agressão têm sido "muito difíceis, obrigando a um apertado acompanhamento, psicológico e familiar". A família receia que as agressoras possam perseguir o irmão mais novo, que estuda na escola ao lado.
Uma das agressoras é vizinha da vítima, mas nem essa proximidade levou a uma pedido de desculpas, dos familiares das agressoras. "Não pediram e agora também não as aceito, o caso vai ser resolvido no tribunal, já têm idade para assumir responsabilidades", frisa.
Queixa para o MP e CPCJ
A PSP já informou o Ministério Público e a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ). "Quando a polícia teve conhecimento de agressões foi enviada a [equipa da] Escola Segura. Foi feita uma participação. A PSP fez participação ao Ministério Público [MP] e à CPCJ. Confirma-se que a agressão, a uma menor de 15 anos, foi partilhada nas redes sociais", informou à Lusa fonte do Comando Distrital da PSP de Vila Real.

