Duas crianças com baixa visão de Coimbra começaram o ano escolar sem transporte especial assegurado, denunciou hoje a mãe dos alunos, que criticou a falta de resposta.
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"Fala-se tanto de inclusão e é uma mentira. Como é que uma pessoa faz a sua vida e trabalha com esta situação? Isto não é inclusão", disse à agência Lusa Ana Vanessa Antunes, mãe das duas crianças, afirmando que, até ao momento, ainda não tem o problema resolvido.
Os filhos têm cinco anos e sete anos, ambos com baixa visão, e frequentam, respetivamente, o Jardim de Infância de Almedina e a Escola Primária de Almedina, do Agrupamento de Escolas Coimbra Centro (instituição de referência para crianças com baixa visão e cegueira).
"O acesso às escolas não é o melhor e o ano letivo arrancou sem transporte assegurado", denunciou a mãe, que também tem baixa visão.
Após contactar o agrupamento, este informou que ninguém se candidatou à rota.
"Deveriam aumentar o valor [pago], que assim estão a sujeitar os meninos", criticou.
Entretanto, desde o início do ano letivo, Ana Vanessa Antunes tem levado os seus filhos à escola com recurso à rede normal dos transportes urbanos de Coimbra, mas com dificuldade e atrasos.
"No outro dia, entraram na escola às 10 e saímos de casa às 8.30. Não posso sujeitar os meus filhos a não irem à escola, mas eu não vou conseguir continuar a fazer esta ginástica", disse.
No ano letivo anterior, quando a família morava fora do concelho, "não houve problema nenhum" em ser assegurado o transporte especial, tendo só sentido dificuldades neste ano, referiu.
Questionada pela agência Lusa, a vereadora da Câmara de Coimbra com a pasta da Educação, Ana Cortez Vaz, recordou que o município delegou a função de contratação de transporte especial aos agrupamentos e escolas não agrupadas.
"A explicação que tivemos do Agrupamento de Escolas Coimbra Centro é a de que a rota foi posta a concurso e ficou deserta. Temos também conhecimento de que a direção vai reunir com um taxista, mas também com o encarregado de educação, para tentar expor isso", disse.
A vereadora admitiu que "nem sempre é fácil arranjar quem faça estas rotas".
"Esperamos que se resolva tudo o mais rápido possível", vincou, garantindo que o valor estipulado para o pagamento do transporte especial não será um problema.
"Até agora, isso não foi problema", acrescentou, referindo que a autarquia não tem conhecimento de mais nenhum caso.