<p>Duas pessoas - mãe e filho -morreram e dez ficaram feridas num despiste de um autocarro, ontem, em Vieira do Minho. Iam assistir a um juramento de bandeira em Portalegre. Gelo pode ter estado na origem do acidente.</p>
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Foi um madrugar atribulado para as 16 pessoas que seguiam, ontem, num autocarro da empresa Giromundo. As pessoas, representantes de três agregados familiares diferentes, seguiam para Portalegre, onde iriam assistir ao juramento de compromisso de honra de quatro candidatos a prontos da GNR. Pelo caminho tencionavam apanhar mais três pessoas, em Braga, de outra família, mas o acidente interrompeu uma jornada que se antevia alegre.
"Às 4:20 horas de hoje (ontem), foi recebida uma chamada na central dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho dando conta de um despiste de um autocarro na estrada Vieira do Minho-Cerdeirinha (na variante do Loureiro) devido à queda de neve que se fazia sentir na altura", contou António Macedo, comandante dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho. A mesma causa (gelo na estrada e queda de neve) foi reportada pelo irmão de um dos passageiros, que chegou ao local instantes depois: "A estrada tinha gelo e estava a cair neve. Só isso justifica o acidente, porque o condutor é experiente e conhece muito bem os pontos perigosos desta estrada", adiantou.
Quando chegaram ao local, os bombeiros depararam-se com duas vítimas mortais que, tal como os feridos, foram transportados para o hospital de S. Marcos, em Braga (ver caixa). Apenas um ferido foi assistido no SAP de Vieira do Minho. "Não foi a violência do acidente que provocou as mortes. O autocarro embateu nos railes e tombou, colhendo então as pessoas que tinham sido projectadas para fora do autocarro", conta uma testemunha.
Já Domingos Ribeiro, um dos passageiros do autocarro, contava aos familiares: "parecia um sonho. Era como uma curva que nunca mais acabava. Vi logo que íamos bater e amarrei-me com força ao banco."
Este grupo dirigia-se a Portalegre, para assistir ao juramento de bandeira de quatro futuros soldados da GNR: Vítor Carvalho, Diogo Ribeiro, Márcio Rodrigues e Salvador. Todos são naturais de Vieira do Minho, nomeadamente das freguesias de Pinheiro e Cantelães, e concluíam o percurso que lhes permitia proceder ao compromisso de honra, altura marcante que os familiares costumam presenciar.
Fernanda seguia na companhia de um filho mais novo, Nuno (que era guarda-redes na equipa júnior do Vieira), para acompanhar a cerimónia em que o filho jurava bandeira. O pai, a trabalhar em horário nocturno, tinha ficado em Vieira do Minho. Cerca das 11,30 horas chegou ao hospital de Braga para reconhecer os cadáveres.
De resto, o proprietário da empresa, Carlos Silva, apesar de ausente na Suíça, espera o relato do motorista para perceber o sucedido. "O carro é novo, tem sete meses e só tinha andado três quilómetros, desde a central até ao local do acidente. Tinha tudo em ordem e seguro contra todos os riscos".
Em comunicado, a empresa referiu que "o acidente deveu-se às condições atmosféricas e concretamente ao gelo existente na estrada, que apesar das precauções tomadas pelo motorista do veículo, entrou em despiste numa curva, tendo capotado".
Apenas uma vítima ficou internada
Ao final do dia de ontem, apenas uma pessoa permanecia internada no serviço de urgência do Hospital de S. Marcos: Florinda Rodrigues Barroso. Marília Vieira Ribeiro, Margarida Carvalho e Maria de Fátima Ribeiro receberam alta após realizarem exames. Segundo o director do Serviço de Urgência do Hospital de S. Marcos, em Braga, "das dez pessoas que deram entrada na urgência (três homens e sete mulheres) seis tiveram alta, porque apresentavam ferimentos ligeiros. As quatro mulheres que permanecem internadas não apresentam lesões graves. Têm traumatismos faciais ou nos membros e lesões torácicas. Duas senhoras têm traumatismo craniano e facial mas estão conscientes", disse Francisco Mendes Gonçalves, ainda na manhã de ontem. Durante a tarde, foi dada alta a três pacientes, permanecendo, por uma questão de precaução, apenas uma internada.
À porta da urgência, os familiares procuravam obter informação sobre o estado dos feridos, com o maior momento de emoção a ser vivido, cerca das 11,30 horas, quando o marido e pai das vítimas mortais ali se deslocou, para proceder à identificação dos cadáveres.