É uma corrida contra o tempo e, à medida que os dias passam, a angústia de Ana Esteves, 42 anos, aumenta. Vive há sete anos com o filho, de 12, num apartamento em Mafamude, Gaia, mas esta segunda-feira tem de sair.
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A senhoria quer vender a casa e, por isso, não lhe renovou o contrato. Mas Ana só ganha o salário mínimo e não consegue encontrar outra casa onde pague 300 euros de renda por mês.
Os dias têm sido passados a encaixotar coisas, "ainda incrédula" com que o está a passar. Sendo certo que a mobília será guardada na garagem de um familiar "até conseguir voltar a ter uma habitação" onde possa viver com o filho, Ana contou ao JN que já bateu a várias portas, mas o que ouve não é animador. "Já contactei a Gaiurb [empresa municipal de habitação], a Segurança Social e até já ouvi que, mesmo que esteja a viver na rua com o meu filho, o nosso caso não é prioritário", desabafou a moradora.
Depois de um ano desempregada, Ana conseguiu há um mês arranjar emprego num alojamento rural, em Grijó, mas com os 760 euros que ganha não consegue suportar a despesa de um aluguer. "Aqui no prédio está um apartamento para arrendar, mas pedem 650 euros", diz, desalentada.
Para comer, vai valendo à família monoparental a ajuda do Banco Alimentar.
Não tem fiador
Ana vinca que "sempre pagou o aluguer da casa", mesmo quando esteve desempregada, mas o facto de ter um processo de despejo impediu-a de concorrer ao programa do Arrendamento Acessível da Câmara de Gaia, que ainda recentemente atribuiu habitações a 25 famílias.
Já na Gaiurb, mesmo estando inscrita para uma habitação social, "a Câmara diz que não existem casas". A moradora referiu ainda que ocupa "o lugar 200 e tal na lista de espera" da empresa municipal.
Conforme noticiou o JN, há mais de mil famílias à espera. Também o facto de "não ter nenhum fiador" dificulta o arrendamento de uma nova habitação.
"Até casas de ilha fui ver, mas o valor das rendas está um absurdo, não há casas que se possa pagar!", confessou.
O JN contactou a Câmara de Gaia e a Segurança Social, mas nenhuma das entidades respondeu em tempo útil.