O presidente da Câmara da Maia acusou, esta sexta-feira, e o Governo de "brincar com a saúde das pessoas" e considera uma "vergonha" e "má-fé" cortar nas ambulâncias de emergência médica num concelho com 150 mil habitantes, aeroporto e quatro autoestradas.
Corpo do artigo
"É uma vergonha o que está a acontecer (...). Isto é mais uma medida do Governo que só pensa em números e esquece as pessoas. Foi exatamente isso que me disse o senhor presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica: é por falta de pessoal e de meios", declarou à Lusa, em entrevista telefónica, o presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes.
Para o autarca o corte no serviço noturno das ambulâncias do INEM é um ato de "má-fé", porque o Governo não dialogou, nem avisou a autarquia sobre a medida. O presidente da Câmara da Maia reagia à notícia do "Jornal de Notícias", que esta sexta-feira revela que as ambulâncias do INEM vão deixar de funcionar entre a meia-noite e as 8 horas nos concelhos da Maia, Guimarães, Chaves, Espinho, Covilhã, Aveiro, Anadia e Amadora e detalha que a medida entra em vigor na próxima segunda-feira para durar até ao final do ano.
Bragança Fernandes critica a decisão do Governo, referindo que se trata de "um empurrar para a frente do défice" em vez de tratar de admitir os técnicos em devido tempo.
"Com a saúde das pessoas não se pode brincar, porque nós só temos uma vida", avisou o autarca, referindo a Maia é um concelho com "150 mil habitantes, tem um aeroporto, tem quatro autoestradas, tem uma zona industrial maior, tem os pórticos a que as pessoas fogem para as vias municipais" e que a decisão seja conhecida numa sexta-feira, antes de um fim de semana prolongado.
Bragança Fernandes adiantou à Lusa que enviou hoje uma carta ao ministro da Saúde para ser informado do que está a acontecer, porque, reiterou "com a vida humana das pessoas não se pode brincar".
O autarca sugeriu ainda ao Governo que devia ter admitido mais profissionais no INEM em vez de ter perdoado a dívida à EDP.
"Com o perdão de dívidas que fizeram à EDP, esse dinheiro era suficiente para admitir muitos técnicos que dizem que estão em falta. Tem que haver mas é coerência, prudência e salvaguardar o interesse das pessoas".
Cerca das 13 horas, a Lusa aguardava ainda resposta do INEM a um pedido de informações adicionais sobre o assunto.