Diagnóstico identifica vários problemas no sistema. Plano municipal prevê substituição de infraestruturas e intervenções nas ETAR.
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O município da Maia prevê um investimento superior a 47 milhões de euros na rede de saneamento do concelho até 2030. Um diagnóstico ao sistema identificou “um conjunto de problemas estruturais e funcionais, com impactos ambientais e sociais significativos”.
Lacunas no cadastro de infraestruturas, limitações de capacidade hidráulica em vários troços, condutas antigas, estações de tratamento a precisar de obras, ligações irregulares e descargas poluentes no rio Leça são alguns dos problemas apontados, entre os quais se incluem, ainda, situações de risco de infeção por microorganismos em tempo seco, “nomeadamente no que respeita à emissão de odores ofensivos e corrosão de materiais”. A maior fatia do investimento projetado para a rede de saneamento da Maia nos próximos cinco anos destinam-se a remodelar as ETAR de Ponte de Moreira e Parada (27 milhões), seguindo-se a reabilitação da rede de drenagem (11 milhões).
O diagnóstico ao sistema e as soluções propostas, assim como os respetivos custos, fazem parte do Plano Diretor de Saneamento da Maia, em discussão pública até segunda-feira. O documento detalha um conjunto de investimentos a executar até 2075 e que totalizam 150,4 milhões de euros. Aos 47,1 milhões previstos até 2030, somam-se 28,2 milhões para o período 2031/2045 e 75,1 milhões para um horizonte mais longínquo: 2046/2075. Mais de metade (82,2 milhões de euros) será para gastar na rede de drenagem (coletores e emissários de águas residuais, coletores de águas pluviais e sistemas elevatórios).
O documento alerta que o trabalho de mudança de infraestruturas tem sido escasso: “A muito reduzida taxa de reposição dos últimos anos coloca em causa o adequado desempenho hidráulico, estrutural e ambiental da rede de drenagem de águas residuais do concelho da Maia, associado, também, a problemas estruturais que ocorrem em coletores e câmaras de visita com idades superiores a 30 ou 40 anos”.
Limpeza e inspeção
“O planeamento de intervenções de renovação dos ativos é fundamental, começando pelos mais críticos, quer no que respeita à idade, quer ao desempenho hidráulico, ambiental e estrutural, por forma ao património não se desvalorizar ao longo do tempo”, acrescenta o texto. Esta reabilitação da rede deverá acontecer após “uma limpeza e inspeção cuidada às infraestruturas” e em paralelo com o trabalho de redução de ligações indevidas, que já está em curso.
Reabilitação contínua do sistema de drenagem, controlo sistemático de afluências indevidas, otimização do número de sistemas elevatórios e descentralização, com recurso a soluções de tratamento de base natural, beneficiação das estações de tratamento, modernização da operação e a introdução de tecnologias de monitorização, de controlo em tempo real e de aviso para ocorrências são algumas das soluções a implementar, devendo ser acompanhadas por outras medidas como a formação e capacitação de quadros e sensibilização da comunidade.
Alerta
Capacidade de resposta a fenómenos extremos apresenta fragilidades
O saneamento da Maia apresenta “fragilidades na gestão de ativos e na capacidade de resposta a eventos extremos, num contexto em que se preveem maiores pressões associadas às alterações climáticas e à exigência de cumprimento de novos requisitos legais” da União Europeia. Entre esses requisitos estão, por exemplo, a “eventual necessidade de tratamento quaternário (com remoção de micropoluentes de origem farmacêutica e de origem cosmética), com recurso a tratamentos avançados de oxidação e adsorção (ozono e carvão ativado)”.
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Serviços municipais
As redes de abastecimento de água e de águas residuais, na Maia, são responsabilidade dos serviços municipalizados. Ao contrário de outros concelhos, não houve concessão a privados.
Sistema
O sistema de saneamento da Maia tem cerca de 553 quilómetros de coletores, 14 emissários, 85 estações elevatórias e três ETAR: Cambados, Ponte de Moreira e Parada.
Cobertura
A taxa de cobertura da rede no concelho aproxima-se dos 100%, servindo cerca de 135 mil habitantes, com projeções de crescimento até aos 175 mil, em 2075.