Via verde do Dão, nascida há dez anos onde antes andavam comboios, junta-se aos circuitos do Vouga e do Mondego, totalizando mais de 150 quilómetros.
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Para correr, andar de bicicleta, de trotineta ou simplesmente a pé. São inúmeras as utilizações que podem ser dadas à ecopista do Dão. A infraestrutura construída no antigo ramal ferroviário, desativado no final da década de 1980, foi inaugurada há 10 anos e de lá para cá tem ganho inúmeros "prémios" e utilizadores. A maioria são habitantes dos concelhos de Viseu, Tondela e Santa Comba Dão, atravessados pela ciclovia, mas há também turistas que se deslocam de propósito só para percorrer a maior ecopista do país, com 49 quilómetros. A infraestrutura custou perto de cinco milhões de euros e vai triplicar porque irá juntar-se às ecopistas do Vouga e do Mondego, que entrarão em funcionamento já no próximo ano. No total, os três caminhos darão origem a uma ecovia com 156 quilómetros.
Exercitamos o corpo. Fazemos cerca de uma hora e meia de caminhada, de segunda a sábado", Carina Fernandes, Viseu
Para qualquer um
Os primos, e amantes das duas rodas, Pedro Alves e Ricardo Barbosa, naturais de Lisboa, tiraram um dia de férias, que juntaram a um fim de semana, para usufruírem, com tempo, de todo percurso da ciclovia do Dão. Começaram por fazer numa sexta-feira o percurso Santa Comba Dão-Viseu, pernoitaram na cidade de Viriato e, no sábado de manhã, inverteram o sentido.
"Andamos de bicicleta já há algum tempo e temos feito muita cidade, muito campo à volta de Lisboa, mas nunca tínhamos feito uma viagem de verdadeiro cicloturismo, companheirismo, de usufruir da companhia um do outro", começa por contar Pedro Alves.
Venho para aqui sozinho ou com a família por não ter trânsito, porque passa no meio rural e no meio da Natureza" Miguel Campos, Viseu
Por recomendação de conhecidos, "não só pela facilidade do percurso, mas também pela beleza da sua envolvente", decidiram aventurar-se pela ecopista do Dão e não podiam estar mais satisfeitos. "É espetacular", atira, sem esconder a felicidade por "sair da cidade e da confusão". Destaca no trilho "o silêncio e a harmonia com a Natureza". "É uma experiência a repetir", garante Pedro. O parceiro de aventura concorda. "Qualquer pessoa consegue fazer. São muitos quilómetros, mas não tem inclinações e para as famílias é perfeito e seguro", recomenda Ricardo.
Uso diário
Quem vive perto da via verde também aproveita o equipamento, sobretudo para praticar exercício físico. É o que faz diariamente Mariana Campos, de Viseu. Começou a frequentar a ciclovia no início da pandemia, em março do ano passado. Tal como ela, muitas pessoas passaram a utilizar mais a infraestrutura nesta fase, até quando o país estava confinado.
A ecopista chama muita gente. É um local onde se pode praticar exercício, a pé ou de bicicleta" Anabela Pinho, Viseu
"Venho diariamente para poder manter a minha saúde física, mas também a saúde mental. Como trabalho muito tempo fechada, é uma forma de me libertar e ter bem-estar", explica. A terapeuta da fala considera que a ecopista foi "um dos melhores investimentos" feitos na região nos últimos anos.
Negócio
Parte das antigas estações ferroviárias da antiga linha do Dão foram recuperadas. Nos edifícios funcionam agora associações, juntas de freguesia e até cafés. Flor Melo explora um estabelecimento há seis anos em Figueiró, Viseu. Conta que no verão há sempre mais gente, turistas e locais, a usar a ecopista. "Vem muita gente de fora, sobretudo estrangeiros. Dizem que isto é muito bonito e deixam muitos elogios por estar muito bem organizado e limpinho", revela.
Encontrei a pista por causa do ciclismo. É seguro, ao contrário da rua. No Brasil não temos nada igual" Filipe Cabral, Viseu
"Aposta ganha"
A ecopista do Dão é gerida pela Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões (CIMVDL), que diz não ter "métricas que permitam indicar a afluência" registada desde que o equipamento foi inaugurado no verão de 2011. Ainda assim, Nuno Martinho, secretário-executivo da CIMVDL, fala numa "aposta ganha".
Distância
156 quilómetros terá a "grande ecopista" que ligará a do Dão (Viseu, Tondela e Santa Comba Dão), 49 km; do Vouga, que quando estiver acabada terá 66 km (Viseu, S. Pedro Sul, Vouzela e Oliveira de Frades); e Mondego (Santa Comba Dão, Mortágua, Penacova e V. N. Poiares), 40 km.